Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Vitrine / Brasil

Coligay: a torcida organizada do Grêmio composta por homossexuais

Constituída por membros da comunidade LGBT, ela foi criada durante o período da ditadura militar no Brasil

Victória Gearini Publicado em 06/03/2020, às 20h08

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Torcida organizada Coligay - Wikimedia Commons
Torcida organizada Coligay - Wikimedia Commons

Fundada em Porto Alegre, a Coligay trata-se de uma torcida organizada do Grêmio Footbal Porto-Alegrense, constituída por membros da comunidade LGBT. Idealizada pelo gerente da antiga boate Coliseu, Volmar Santos, a organização foi instituída durante a ditadura militar no país.

Localizada na Avenida João Pessoa, em Porto Alegre, a boate Coliseu ficou famosa por atrair o público LGBT. Volmar Santos percebeu que muitos dos frequentadores do local compartilhavam experiências de homofobia, que presenciaram ou sofreram em estádios de futebol. Vendo que muitas pessoas eram hostilizadas, Volmar dedicou-se a colocar em prática o projeto Coligay. Além disso, para Volmar, a torcida oficial do Grêmio era muito parada, e não sabia incentivar os jogadores. 

Em pouco tempo, Chino Gaúcho, de Charqueadas-RS, foi eleito o presidente da torcida e Volmar Santos assumiu o posto de vice. Conhecidos como coliboys, os torcedores tinham aulas de karatê para defesa pessoal, com o objetivo de se defenderem de ataques machistas e homofóbicos. No dia 9 de abril de 1977, durante uma partida entre Grêmio e Santa Cruz, no Brasileirão, a torcida Coligay teve sua estreia oficializada.

Crédito: Wikimedia Commons

Fiéis e unidos, os integrantes passaram a acompanhar o Grêmio em todas as partidas pelo interior do estado do Rio Grande do Sul, e viraram amuletos de sorte para o time, que voltou a ser campeão no mesmo ano. A fama foi tanta que o presidente do Cortinthians, na época, os convidou para torcer pelo time. Como esperado, a Coligay incentivou os jogadores corintianos, que foram campeões do campeonato paulista.

No entanto, inicialmente, foram hostilizados por outros torcedores gremistas e adversários, o que levou a represálias e inúmeras agressões contra os coliboys. Cansados de serem oprimidos e agredidos — até mesmo por dirigentes do clube — passaram a se desvincular do Grêmio. A Coligay enfrentou, ainda, a opressão militar, que apesar de não ter feito nada — efetivamente —  contra os torcedores, os vigiavam por meio da Delegacia de Costumes.

Crédito: Wikimedia Commons

Infelizmente Volmar teve que voltar para a sua terra natal, por motivos familiares, o que levou a decadência da torcida, e em 1983 a Coligay é oficialmente extinta. No entanto, o sucesso foi tão grande que inspirou torcedores de outros times a criarem suas próprias torcidas: Fla-gay, do Flamengo e a Fo-gay, do Botafogo.


+Saiba mais sobre o tema por meio de grandes obras:

Coligay - Tricolor E De Todas As Cores, de Gerchmann Léo (2013) - https://amzn.to/2TxaZEh

O mistério do grêmio, de Luis Eduardo Matta (2017) - https://amzn.to/3axPkkP

Reconquista: a trajetória do tricampeonato da américa, de Léo Gerchman e Lucas Uebel (2018) - https://amzn.to/3cBHZm2

Os Dez Mais do Grêmio, de Marcelo Ferla (2010) - https://amzn.to/32WdbIf

71 segundos – o jogo de uma vida, de Luiz Zini Pires (2009) - https://amzn.to/32USE7b

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.