Considerado o primeiro romance de realismo fantástico brasileiro, a obra de Emília Freitas foi relançada pela Editora 106
Victória Gearini Publicado em 04/11/2019, às 16h25 - Atualizado em 21/01/2022, às 13h24
A obra "A Rainha do Ignoto", de Emília Freitas constrói uma sociedade utópica em que as mulheres dominam a tecnologia, possuem habilidades sobrenaturais, e conseguem combater o machismo e patriarcado.
A narrativa foi escrita originalmente no fim do século 19 pela escritora Emília Freitas, cearense e feminista. Publicada pela primeira vez em 1899, a obra critica ainda a intolerância religiosa, a tortura, a arrogância da elite e a opressão às mulheres.
O livro é considerado o primeiro texto de realismo fantástico brasileiro, que envolve dos mitos ao imaginário, do espiritismo à parapsicologia. A história se passa principalmente no Ceará, onde as Paladinas do Nevoeiro formam uma sociedade autônoma e desenvolvida. Elas usam seus poderes sobrenaturais para se comunicar com o além e assim identificar mulheres doentes, em desespero ou oprimidas por homens. Esta sociedade usa deste método para ajudar outras pessoas.
“Nem o senhor nem ninguém, sem a precisa explicação, poderia acreditar que existisse uma ilha nas condições desta, tão próxima da costa, e que nunca navegante algum de nação alguma da terra desse notícia dela. Pois bem, é o hipnotismo que lhes fecha os olhos para tudo, mas os abre para ver um denso nevoeiro! Montões de vapores convertidos em tromba, muitas vezes carregada de raios!”, trecho retirado do livro A Rainha do Ignoto.
O vanguardismo está presente em toda a obra, que volta em 2019 em novo formato, revisado e atualizado pela Editora 106. Além disso, há a adição de um prefácio e notas explicativas da professora e pesquisadora Constância Lima Duarte.
