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Vitrine / Crimes

Obra lançada em 2020 mostra os bastidores do caso von Richthofen e foi alvo de censura

De autora de Ullisses Campbell, o livro apresenta fatos inéditos sobre a vida da condenada

Victória Gearini Publicado em 04/02/2020, às 14h00 - Atualizado em 27/09/2021, às 11h22

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Parte da capa da obra - Divulgação/Editora Matrix
Parte da capa da obra - Divulgação/Editora Matrix

Suzane von Richthofen é considerada uma das assassinas mais frias e calculistas do Brasil. A criminosa ficou conhecida após ter arquitetado a morte de seus pais, em outubro de 2002. Intrigado com o caso, o jornalista Ullisses Campbell dedicou-se investigar sobre o crime e encontrou revelações inéditas de Suzane.

Lançado pela Editora Matrix, no dia 17 de janeiro de 2020, o livro Suzane: Assassina e Manipuladora, do jornalista Ullisses Campbell contém 280 páginas que revelam três anos de investigação de um dos maiores crimes do país.

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Crédito: Divulgação

Para construir este livro-reportagem, o jornalista entrevistou diversas pessoas entre elas: colegas de prisão dos réus, agentes de segurança, psicólogos forenses e analisou 6 mil páginas do processo penal de Suzane. Campbell conversou, ainda, com Cristian Cravinhos — ex-cunhado de Suzane e réu — e tentou conversar com a própria assassina, que se recusou a dar depoimentos e recorreu na justiça para a obra não ser publicada.

Segundo a juíza Sueli Zeraik Armani, do Tribunal de Justiça de São Paulo a narrativa não era de interesse público e “traria prejuízo irreparável à imagem de Suzane von Richthofen”. No entanto, a censura durou 37 dias e no dia 18 de dezembro de 2019, o ministro do Supremo Federal (STF), Alexandre Moraes decretou que a proibição fosse retirada e afirmou, ainda, que a liberdade de expressão deveria prevalecer.

A obra conta a história de Suzane, desde seu envolvimento amoroso com Daniel Cravinhos até sua condenação e as reviravoltas do processo. Em 31 de outubro de 2002, Suzane, na época com 19 anos assassinou de forma brutal seus pais, com a ajuda de seu até então namorado Daniel Cravinhos e de seu cunhado Cristian Cravinhos.

“De imediato, iluminado somente pela luz da rua, vi o corpo de um homem deitado na cama com a barriga virada para cima, as pernas cruzadas e uma toalha cobrindo a cabeça. O braço direito estava estendido para o chão em direção a uma arma calibre 38 caída no solo, próxima à mão dele. Faltava uma bala no tambor da arma. Logo pensei em suicídio. Acendi a luz e vi o segundo cadáver enrolado em um lençol com a cabeça ensacada. Havia algumas joias espalhadas pelo tapete”, depoimento de um policial que foi divulgado por Campbell.

As vítimas foram mortas enquanto dormiam, por meio de barras de ferro. O crime ocorrido no Campo Belo, na zona de sul de São Paulo, chocou o país. Pouco tempo depois, os irmãos Cravinhos confessaram o assassinato. Suzane e Daniel foram condenados a 39 anos e seis meses de prisão e Cristian a 38 anos e seis meses.

Intrigado com os motivos que levaram uma jovem — aparentemente tranquila e inofensiva — a assassinar seus pais, Campbell passou a investigar afundo o caso, avaliando a saúde mental da assassina. O jornalista teve acesso aos exames psicométricos de Suzane que revelaram que a jovem é uma assassina egocêntrica e narcisista, sem culpa de matar.

Baseado no método do psiquiatra suíço Hermann Rorschach, o teste consiste em avaliar a saúde mental do paciente por meio de figuras distorcidas, que o faz ver diferentes formas. Algumas dessas imagens utilizadas em Suzane podem ser encontradas nesta obra.  O resultado dessa avaliação foi um dos motivos pelo o qual a assassina não conseguiu progressão para o regime aberto.

Suzane von Richthofen / Crédito: Divulgação

“O teste psicológico era necessário porque Suzane queria migrar para um regime mais brando da prisão, e só um laudo de Rorschach poderia revelar se ela estaria, de fato, arrependida da monstruosidade cometida no passado e, principalmente, se havia risco de voltar a matar quando pusesse o pé fora da cadeia. Ou seja, a avaliação psicológica é fundamental para verificar a sua aptidão para viver em sociedade”, escreveu Campbell.

Segundo o escritor, o fato de Suzane ser narcisista e manipuladora lhe ajudou a sobreviver na cadeia. Estupradores, pedófilos e parricidas (assassinos de parentes) são mortos nos sistema prisional. Marcada para morrer, Suzane conseguiu sobreviver às ameaças de detentas do PCC que tinham ordens para matá-la. Hoje, aos 36 anos, cumpre pena na Penitenciaria Feminina Santa Maria Eufrásia Polletier, no Tremembé e é considerada uma lenda pelos outros presos.

“Suzane é célebre pelo potencial de seduzir com alta voltagem quem lhe interessa descartar sumariamente as pessoas quando a utilidade termina e ignorar friamente quem não lhe traz proveito algum”, afirma Campbell.

Esta biografia não autorizada foi inspirada no estilo investigativo do repórter americano Gay Talese e revela, ainda, momentos íntimos de Suzane e dos irmãos Cravinhos, além de trazer fatos inéditos, como a tentativa de Andreas em se reaproximar da irmã, e o desejo da criminosa em se casar. 

A censura por parte de Suzane

Foi revelado no ano passado que Suzane não gostou da obra e tentou barrar a estreia. Por meio do Supremo Tribunal Federal, ela queria que a venda fosse proibida em território nacional.

A defesa de Suzane afirma que a obra contém informações do processo legal que teriam que ser mantidos sob segredo de justiça, além de apresentar laudos médicos que deveriam ser de ordem privada e sigilosa.

"A publicação do livro afronta a própria Administração da Justiça e o Poder Judiciário, pois a publicação se utiliza de dados obtidos de processo de execução penal em tramitação sob segredo de justiça e trechos de laudos médicos psiquiátricos e psicológicos acobertados pelo sigilo profissional”, disse a defesa Von Richtofen através da Defensoria Pública.

No entanto, o pedido não foi acatado pelo STF. 


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