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O país mais fechado do mundo: conheça os relatos de Shin Dong-hyuk, fugitivo da Coreia do Norte

Confira o relato emocionante e impactante do jovem, que, desde criança, presenciou cenas traumáticas em um dos campos de trabalhos forçados no país norte-coreano

Paulo Marinho Publicado em 09/10/2023, às 16h00

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Capa do livro "Fuga do Campo 14", de Blaine Harden (2012) - Créditos: Reprodução / Intrínseca
Capa do livro "Fuga do Campo 14", de Blaine Harden (2012) - Créditos: Reprodução / Intrínseca

Escrita por Blaine Harden, "Fuga do Campo 14" expõe relatos de Shin Dong-hyuk sobre as violações aos direitos humanos que ocorrem há anos no país mais fechado do mundo, a Coreia do Norte.

Agências de inteligência e grupos defensores dos direitos humanos reforçam a existência de campos de trabalhos forçados em todo o território norte-coreano, e, apesar dos representantes e diplomatas do país negarem a informação, estimam-se mais de 200 mil pessoas vivendo nessas condições. 

Sendo o único norte-coreano nascido e criado em um dos campos de trabalhos forçados e que conseguiu fugir, Shin conta, nesta obra, sua trajetória e sua busca pela liberdade  após 23 anos dentro do Campo 14, um dos complexos reservados aos presos políticos que ficam em meio às montanhas do país. 

Abrigando 15 mil prisioneiros que trabalham de 12 a 15 horas por dias nas minas de carvão, fazendas e fábricas, o distrito foi fundado em 1959, e é um local para casos considerados irredimíveis, expondo as pessoas que vivem nessas condições em situações de risco, resultando em mortes por acidentes de trabalho, doenças, desnutrição ou execuções sumárias. 

Aos 6 anos, Dong-hyuk assistiu o espancamento e morte de sua colega de classe que havia roubado 5 grãos de milho. Aos 14 anos, Shin foi torturado e presenciou o assassinato de sua mãe mãe e do irmão mais velho. Lembranças traumáticas e inesquecíveis, o rapaz ainda conta que os “dez mandamentos” do local são extremamente didáticos para que ninguém ouse a fugir, roubar comida ou esconder atividades suspeitas. 

Como resultado de sua desnutrição, o rapaz é baixo e franzino, e possui a mesma idade do ditador da Coreia do Norte. Apesar das fraquezas físicas, Shin deu início ao seu plano de fuga, e foi em 2005 que atravessou as cercas eletrificadas do Campo 14 por cima do corpo inerte de um dos amigos. Rumo à fronteira da China, conseguiu em 2 anos escapar para Coreia do Sul, e 4 anos mais tarde foi morar no Sul da Califórnia, nos Estados Unidos. 

O livro traz mapas, regras do campo e um caderno de desenhos feitos pelo próprio Shin Dong-hyuk, que nos conta detalhadamente as dez leis do Campo 14:

1. Não tente fugir

Qualquer pessoa pega fugindo será fuzilada imediatamente. Qualquer testemunha de uma tentativa de fuga que não a denuncie será fuzilada imediatamente.

2. É proibida a reunião de mais de dois prisioneiros

Qualquer pessoa que deixe de obter permissão de um guarda para uma reunião de mais de dois prisioneiros será fuzilada imediatamente. Com exceção do trabalho, nenhum grupo de prisioneiros pode reunir-se sem permissão.

3. Não furte

Qualquer pessoa que furte ou esconda qualquer alimento será fuzilada imediatamente. Qualquer pessoa que estrague de propósito qualquer material usado no campo será fuzilado imediatamente.

4. Os guardas devem ser obedecidos de maneira incondicional

Qualquer pessoa que deixe de demonstrar total submissão às instruções de um guarda será fuzilado imediatamente. Ao encontrar um guarda, deve-se inclinar a cabeça em sinal de respeito.

5. Qualquer pessoa que veja um fugitivo ou indivíduo suspeito deve denunciá-lo prontamente

Qualquer pessoa que forneça cobertura para um fugitivo ou o proteja será fuzilada imediatamente.

6. Os prisioneiros devem se vigiar uns aos outros e denunciar imediatamente qualquer comportamento suspeito

Todo prisioneiro deve observar os outros e permanecer vigilante. Se alguma coisa despertar suspeita, um guarda deve ser notificado imediatamente. Os prisioneiros devem comparecer fielmente às reuniões de luta ideológica e devem censurar os outros e a si mesmo com veemência.

7. Os prisioneiros devem mais do que cumprir a tarefa que lhes é designada cada dia

Cumprir a própria cota de trabalho é lavar os próprios pecados, assim como recompensar o Estado pelo perdão que manifestou. Prisioneiros que negligenciem sua cota de trabalho ou deixem de cumpri-la serão considerados descontentes e fuzilados imediatamente.

8. Fora do local de trabalho, não deve haver nenhuma convivência entre os sexos por razões pessoais

Caso ocorra contato físico sexual sem prévia aprovação, os perpetradores serão fuzilados imediatamente. Fora do local de trabalho, não deve haver conversas entre os sexos sem prévia aprovação.

9. Os prisioneiros devem se arrepender sinceramente de seus erros

Qualquer pessoa que não reconheça seus pecados e os negue ou mantenha uma opinião desviante sobre eles será fuzilada imediatamente. O prisioneiro deve refletir profundamente sobre os pecados que cometeu contra seu país e a sociedade e esforçar-se para purificar-se deles.

10. Prisioneiros que violam as leis e regulamentos do campo serão fuzilados imediatamente

Todos os prisioneiros devem considerar os guardas como seus verdadeiros mestres e, obedecendo às dez leis e regulamento do campo, entregar-se através da labuta e da disciplina á purificação de seus erros passados

Crédito: Reprodução / Intrínseca
Crédito: Reprodução / Intrínseca

O AUTOR

Repórter do programa Frontline e colaborador da famosa revista The Economist, Blaine Harden é um jornalista conhecido por seus trabalhos no The Washington Post em Tóquio, e por suas obras como Africa: Dispatches from a Fragile Continent e A River Lost: The Life and Death of the Columbia. O autor entrevistou, de início, Shin Dong-hyuk apenas para uma simples reportagem, e com o tempo se interessou em produzir um livro relatando a vida e luta do rapaz que fugiu do país mais fechado do mundo. 


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