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Vitrine / Estados Unidos

Muito além de um Reality: A luta dos negros por igualdade ultrapassa gerações

Na década de 1960, por exemplo, os Panteras Negras iniciaram um movimento que até hoje é visto como um grande símbolo contra o racismo. Relembre!

Victória Gearini/ Atualizado por Fabio Previdelli Publicado em 07/04/2021, às 13h30

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Movimento Panteras Negras - Divulgação/ Steven Kasher Gallery
Movimento Panteras Negras - Divulgação/ Steven Kasher Gallery

Nos últimos dias, a internet brasileira vem repercutindo um suposto caso de racismo no Big Brother Brasil, protagonizado pelo cantor sertanejo Rodolffo e o professor de geografia João Luiz. Tudo começou quando o músico comparou uma peruca que fazia parte de uma fantasia de homem pré-histórico — que foi usada por ele na dinâmica do chamado 'castigo do monstro' — com o cabelo de João, que é um homem negro. 

A fala aconteceu no último sábado, 03, quando João ajudava os selecionados a se caracterizarem. “Eu estava ajudando os meninos a colocar a roupa do Monstro e, aí, na hora de colocar a peruca, Rodolffo falou assim: ‘Nossa, o meu cabelo está igualzinho ao do João’”, disse o participante em conversa com a sister Camilla de Lucas.  

Participante João (esq.) e Rodolffo usando peruca de fantasia (dir.) / Crédito: Divulgação / TV Globo

“Sabia que era alguma coisa relacionada a isso”, disse a influenciadora ao afirmar que notava que João estava chateado com algo. “Aí eu fiz assim: ‘Não, não tá igual, é diferente’. Falei só isso”, completou João

O caso ganhou novos capítulos na última segunda-feira, 05, durante o chamado 'Jogo da Discórdia', quando os participantes foram convidados para apontar qual participante havia feito um jogo sujo durante a semana.

Foi nesse momento que João desabafou: “Isso pra mim [a comparação feita por Rodolffo] tocou em um ponto muito específico. Porque o jogo, ele pode ser sim, de coisas que a gente vive aqui dentro, mas ele também tem que ser um jogo de respeito”. 

Apesar de tentar se justificar, dizendo que ofender João não era sua intenção, o cantor foi repreendido por Camilla. “Estamos cansados de toda a vez a gente ter que explicar sobre o nosso tom de pele, sobre o nosso cabelo! Eu entendo que você possa não ter feito por mal, mas a gente também está cansado do outro lado de ouvir que não foi a intenção”. 

A situação vivida dentro de um Reality Show, expõe comportamentos enraizados dentro de nossa sociedade, como o racismo estrutural, que possui um longo histórico de episódios marcantes ao longo dos anos. A luta dos negros por respeito e igualdade, contudo, não é recente e exposta só dentro de um programa de televisão, embora a discussão pode e dever ser difundida em todo e qualquer veículo.  

Antes mesmo dos protestos do Black Lives Matter, que agitaram os Estados Unidos no ano passado, em virtude da brutal morte de George Floyd, a discussão sobre a violência contra os negros já era pautada, principalmente, após a criação do movimento Panteras negras, em 1966, que surgiu para defender os bairros em que a maioria da população era negra. Relembre essa importante luta! 

Os Panteras Negras

Inicialmente, o grupo pregava a resistência e a luta armada, com o objetivo de combater as opressões sofridas pelos negros, como conta o site História do Mundo. Rapidamente o movimento se espalhou pelos Estados Unidos, e no final da década de 1960, atingiu cerca de 2 mil integrantes e se estabilizou nas principais cidades norte-americanas. 

Além dos EUA, os Panteras Negras também contaram com filiais internacionais que operaram no Reino Unido, no início da década de 1970 e na Argélia, entre 1969 e 1972, como explica James Tracy em ‘Hillbilly Nationalists, Urban Race Rebels, and Black Power’. 

Manifestação promovida pelos Panteras Negras / Crédito: Getty Images

No final da década de 1960 e início de 1970, os Panteras mudaram o foco principal de suas atividades e passaram a se concentrar mais em programas sociais para ajudar a comunidade negra e mais frágil, como os Programas de Café da manhã grátis para crianças e o incentivo a clínicas de saúde da comunidade para abordar questões como a injustiça alimentar, como revela Alondra Nelson em ‘Body and Soul: The Black Panther Party and the Fight against Medical Discrimination’. 

O problema é que, devido ao racismo estrutural presente na época, as autoridades logo repreenderam os Panteras Negras. Entre 1966 e 1970, inclusive, diversos tiroteios em Nova York e Chicago foram registrados e pelo menos 34 Panteras foram mortos por policiais, como relata uma matéria da Superinteressante. 

Em 1968, o diretor do FBI declarou que o movimento Panteras Negras era “a maior ameaça à segurança interna americana”, expõe o The Washington Post. Em um primeiro momento, a opressão do governo contribuiu para o crescimento do partido, afinal, apesar das perseguições, prisões e mortes, os Panteras eram vistos como importante oposição à segregação racial e ao alistamento militar obrigatório.

Cartazes dos Pantteras Negras / Crédito: Getty Images

Isso fez com que, no início da década de 1970, o movimento atingisse seu auge, com escritórios espalhados em 68 cidades. Porém, devido as perseguições governamentais e da imprensa, o partido diminuiu gradativamente, assim como o número de militantes, como explica Alondra Nelson em seu livro. 

Posteriormente, principalmente após a operação COIVELPRO do FBI — um programa de contrainteligência que visava desestabilizar grupos de protestos de esquerda, dissidentes políticos e ativistas, como explica matéria da Time — o grupo passou a se dissolver, até que os líderes renunciariam e passaram a se dedicar aos serviços de assistência social das comunidades negras. 

No início dos anos 1980, o movimento foi oficialmente desfeito, como explica matéria da Superinteressante. Mesmo assim, ainda hoje, o legado dos Panteras Negras é associado à conquista de direitos civis por norte-americanos negros. Ainda mais, o movimento virou um grande símbolo na luta contra o racismo no resto do mundo, considerado por Joshua Bloom, autor de ‘Black Against Empire’, como "a ligação mais forte entre a luta doméstica de libertação negra e opositores globais do imperialismo americano".


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