Ramón Sampedro: o homem que lutou na justiça pela própria morte

Ramón Sampedro foi um marinheiro e escritor espanhol, que se tornou tetraplégico aos 25 anos, após sofrer um grave acidente. Por anos ele lutou na justiça para conseguir ter o direito de morrer de forma digna. Como contra argumento, Ramón sempre alegava que devido suas condições física, ele seria incapaz de tirar a sua própria vida.

Nascido no dia 5 de janeiro de 1943, no Município de Puerto del Son, na Espanha, Ramón sempre sonhou em entrar para a marinha, com intuito de viajar pelo mundo, até que aos 18 anos se tornou marinheiro. No entanto, pouco tempo depois ele veria sua vida mudar por completo. Aos 25 anos, o espanhol sofreu um grave acidente, quando ao mergulhar no mar bateu a cabeça em uma pedra. Tal impacto lhe causou consequências permanentes e irreversíveis.

Segundo os médicos de Ramón o forte impacto sob a pedra quase o matou, mas graças ao esforços dos especialistas, o marinheiro retomou a consciência, no entanto, havia perdido seus movimento, tornando-se tetraplégico. Sem poder andar e nem movimentar outros membros de seu corpo — apenas os músculos do rosto — o homem concluiu que para ele seria melhor morrer.

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A partir disso Ramón pediu a ajuda de amigos e familiares para que o ajudassem a morrer sem infringir a lei. Até que ele conheceu a espanhola Aurora Bau, diretora da Associação Direito a Morrer Dignamente (ADMD) —  uma das maiores ONGs que luta pela legalização da eutanásia. Em 1995, Bau passou a lhe oferecer tratamento psicológico, além de amparo jurídico durante o processo pelo pedido de eutanásia.

O marinho foi o primeiro cidadão espanhol a pedir pela eutanásia, sob o argumento que as pessoas devem ter o direito de decidir como querem viver ou morrer, de forma digna e legalizada. Durante anos, ele lutou na justiça, para ter seu desejo realizado, mas o Código Penal da Espanha impedia o ato, alegando que seria um crime e infração a vida. 

Após ter o pedido negado, Ramón tirou sua própria vida no dia 12 de janeiro de 1998, por envenenamento com cianeto de potássio, com a ajuda de sua amiga próxima Ramona Maneiro. Poucos dias depois do caso, ela foi detida, mas por falta de provas foi absolvida. Após o crime prescrever, ela admitiu ter facilitado o acesso ao cianeto, além de ter participado do vídeo em que Ramón se despede de seus amigos e familiares.

Sua história ficou famosa mundialmente em 2016, quando o filme Mar Adentro, inspirado em sua vida, ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Antes de morrer, Ramón escreveu, ainda, Cartas desde el Infierno (1996) e Cuando yo caiga (1998), em que conta toda sua experiência. 

Atualmente, na Espanha, a eutanásia passiva foi legalizada, isto é, a justiça permite que o doente decida se irá continuar ou não com o tratamento, sem que o seu médico seja indiciado por negligência.

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