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A conquista do Everest

Chegada ao cume por equipe inglesa em 1953 teve importância política

Fred Linardi Publicado em 01/10/2007, às 00h00 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h36

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Em 1953, após décadas de tentativas e 15 mortes, o ponto mais alto do mundo foi conquistado. Investimentos em pesquisas e testes levaram ao topo do Everest a equipe inglesa dirigida por John Hunt. O feito foi importante para a auto-estima da Inglaterra. Desde que o país perdera a chance para a Noruega, em 1911, da conquista do Pólo Sul, subir o Everest tornara-se uma questão de honra. Além disso, após a Segunda Guerra, os britânicos tinham cada vez menos influência internacional. Mas, naquele ano, o neozelandês Edmund Hillary e o sherpa (nepalês acostumado a altitudes de mais de 3 mil metros) Tenzing Norgay fincaram os pés sobre o gigante de 8850 metros – feito repetido mais de 2 mil vezes desde então. “Os primeiros alpinistas foram heróis: não tinham informação sobre o que vinha pela frente nem os mapas e equipamentos que temos hoje”, diz Thomaz Brandolin, primeiro brasileiro a chefiar uma expedição ao Everest, em 1991.

Ontem e hoje

Como foi a primeira chegada ao topo - e como é atualmente

Em 1953 - Oxigênio pesado - A expedição contou com oito walkie-talkies, além de um rádio para a base com notícias inglesas e da Índia. As garrafas de oxigênio, de alumínio, pesavam até 6 quilos – cada um levava três. Os sacos de dormir e as roupas tinham certa tecnologia, como camadas de ar que evitavam o resfriamento.

Hoje - Subida leve - Há internet, GPS e telefones via satélite. As garrafas de oxigênio (feitas de titânio) pesam 3 quilos, e eles só carregam uma.

Em 1953 - Comida calórica - Para manter a temperatura e a energia do organismo, na primeira expedição, neve derretida era misturada com chá ou chocolate e muito açúcar, já que essa água não tem sais minerais. O cardápio incluía sardinha, biscoitos, damasco, tâmaras, geléia de frutas, limonada e sopa.

Hoje - Rango desidratado - A tecnologia garante alimentação mais reforçada, com produtos liofilisados, ou seja, desidratados, que duram mais de dois anos e são rapidamente reidratados no preparo. Isotônicos também são usados.

Em 1953 - Barracas de algodão - As barracas do acampamento base, cerca de 30, eram feitas de algodão e náilon. Cada uma tinha sua função: dormitório, refeitório, cozinha e atendimentos médicos. Na base era possível a comunicação com a Índia e com a Inglaterra. Os alpinistas tinham de subir um pouco e voltar a esse ponto todo dia. Hillary e Norgay voltaram oito vezes – no fim, andaram o equivalente à subida do Everest 3,5 vezes.

Hoje - Quartos antivento - O número de barracas na base chega a 250 – de náilon, protegem contra o vento. Da base saem os e-mails e boletins sobre as expedições, por fax e internet. Há também quartos feitos de pedra e banheiro químico.

Em 1953 - Gelo na rota - Na primeira vez que o Everest foi vencido até o topo, o caminho usado foi pelo colo sul, o mais instável: lá existe a chamada cascata de gelo, que se quebra e se refaz o tempo todo, além das fendas profundas que são escondidas por finas camadas de neve.

Hoje - Caminho de pedras - Hoje, há dezenas de rotas traçadas. O colo norte é o mais indicado. É mais estável porque tem mais rochas, que proporcionam mais apoio na escalada. A superfície mais acidentada, porém, exige mais habilidade física.

Sem ar

O organismo fica assim

8000 m

O aproveitamento do oxigênio vai para 30%, causando muita náusea. As tosses dão impressão de facadas nas costas. Se alucinações ocorrem, são indicação de que a descida é necessária.

7000 m

A impressão inicial é a mesma que se tem em uma bebedeira: é difícil pensar para fazer coisas simples, até mesmo andar e falar. A laringe fica seca e pode congelar.

6000 m

A diminuição da umidade agrava o risco de desidratação do corpo. A tontura pode incomodar devido ao excesso de calor depois de uma escalada mais difícil. O sol brilha firme e forte e causa queimaduras.

5000 m

O aproveitamento do oxigênio cai para 50%. Você se sente como se estivesse numa ressaca brava de vinho e as pontas dos dedos já podem começar a sangrar com as fissuras de frio.

4000 m

A pressão do ar pode causar edemas pulmonares, cerebrais e oculares. Esses riscos aumentam vertiginosamente lá no alto. A falta de apetite pode causar anorexia.

3000 m

A respiração já fica mais curta, a insônia aparece e podem surgir dores de cabeça. Por isso, alguns alpinistas têm de fazer aclimatação. Faz muito frio já: cerca de 0 oC.