Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Twitter

Twitter é acusado de ajudar Arábia Saudita em casos de violação de direitos humanos

Processo aponta que ajuda da plataforma contribuiu para detenção e tortura de críticos do governo saudita; entenda!

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 04/09/2023, às 11h23

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Imagem do prédio sede do Twitter - Reprodução / Reportagem / CNN Brasil Business
Imagem do prédio sede do Twitter - Reprodução / Reportagem / CNN Brasil Business

Anteriormente conhecida como Twitter, a X vem sendo acusada em processo civil nos Estados Unidos por ajudar a Arábia Saudita a cometer graves abusos de direitos humanos contra seus usuários. A plataforma teria divulgado dados confidenciais de usuários ao governo saudita, em uma taxa muito maior que faz para o EUA, Reino Unido e Canadá.

A ação contra a plataforma foi movida em maio deste ano por Areej al-Sadhan. Seu irmão, um trabalhador humanitário saudita, desapareceu à força e, posteriormente, foi condenado a 20 anos de prisão.

Segundo o The Guardian, o processo se concentra nos acontecimentos que envolveram a infiltração de três agentes sauditas na plataforma, que se passaram por funcionários do Twitter em 2014 e 2015. O caso não só acabou levando à prisão do irmão de Areej, Abdulrahman, como também expôs a identidade de milhares de usuários anônimos do Twitter — algum dos quais acabaram detidos e torturados como parte da repressão do governo do país.

+ Professor pode ser condenado à morte ao usar redes sociais na Arábia Saudita

Mais acusações

Na semana passada, os advogados de Al-Sadhan incluíram novas acusações contra a plataforma, enquanto ela esteve sob liderança do então presidente-executivo Jack Dorsey, acusado de ignorar deliberadamente a campanha do governo saudita para descobrir críticos. Por conta de questões financeiras e para manter laços com o governo do país, um dos principais investidores da empresa, ele teria prestado assistência nesse caso.

O processo ainda detalha como a rede social tinha sido originalmente vista como uma plataforma crítica para os movimentos democráticos sauditas durante a Primavera Árabe e, portanto, tornou-se uma fonte de preocupação para o governo ainda em 2013.

O veículo britânico repercute que o novo pedido judicial vem à tona apenas alguns dias depois que a Human Rights Watch (HRW) criticou um tribunal saudita por condenar um homem à morte com base em suas publicações no Twitter e no YouTube, em um caso que eles classificaram como "escalada" da repressão do governo à liberdade de expressão.

Muhammad al-Ghamdi, 54 anos, que acabou condenado, é irmão de um crítico do governo que teve que se exilar no Reino Unido. De acordo com os registros sauditas, examinados pela HRW, apontam que al-Ghamdi foi acusado de possuir duas contas no Twitter — que somavam 10 seguidores —, onde ele tinha feito menos de mil tweets e tinha dados alguns retuítes de críticos conhecidos do governo.

Os casos de repressão do governo saudita começaram em dezembro de 2014, quando Ahmad Abouammo cedeu ao governo saudita dados confidenciais de usuários da plataforma ao governo saudita. Abouammo, mais tarde, foi condenado nos EUA por ser um agente secreto saudita e por mentir ao FBI.

O processo aponta que Ahmad enviou mensagens para Saud al-Qahtani, um assessor próximo de Mohammed bin Salman, através do direct da plataforma, onde afirmou "de forma proativa e reativa: eliminaremos o mal, meu irmão".

A mensagem foi uma referência, ainda de acordo com os documentos, à identificação e aos danos causados aos supostos dissidentes que usavam o Twitter. Importante ressaltar que, posteriormente, Al-Qahtani foi acusado pelos EUA de ser o mentor do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.

O Twitter estava ciente desta mensagem — enviada descaradamente em sua própria plataforma — ou a ignorou deliberadamente", afirma o processo revisado. A plataforma, porém, não se manifestou.

Mesmo após a demissão de Abouammo, em maio de 2015, ele continuou contactando a plataforma para ajudar a responder os pedidos feitos por Bader al-Asaker, assessor sênior de Mohammed bin Salman, que buscava informações sobre a identidade de utilizadores confidenciais.

Por fim, o processo alega que Ahmad Abouammo deixou claro que os pedidos eram em nome de seus "antigos sócios do governo saudita". O Twitter, por sua vez, teria recebido "ampla notificação" sobre os riscos de segurança de dados pessoais internos e da ameaça de acesso ilegal de pessoas internas, porém, a plataforma "não simplesmente ignorou todos esses sinais de alerta… estava ciente da campanha maligna", afirma o processo.