Sukarno em aparição pública - Wikimedia Commons
Guerra Fria

Guerra Fria: KGB e CIA forjaram um pornô para chantagear Sukarno

Uma era falsa, outra bem real; foi um fiasco: no lugar de se intimidar, o indonésio Sukarno pediu uma cópia

Thiago Lincolins Publicado em 14/02/2020, às 11h21

O roteiro, pensando bem, nem parece estranho para o gênero: o presidente de um país exótico na cama com uma agente secreta da KGB. É um filme explícito, e não tem muito mais que isso. Só uma coisa parece estar fora do lugar: o presidente é um ator com uma máscara de borracha. Poderia ser um sucesso na indústria do cinema adulto, mas quase ninguém viu.

O filme foi feito pela CIA, em algum momento dos anos 60, mas não precisou cumprir seu propósito: desmoralizar o primeiro presidente da Indonésia, Sukarno (sem sobrenome, como Cher), que era tido por amigo dos comunistas.

Inspirar a população a vê-lo como um traidor, na unha dos russos.Então tentaram a cenoura: uma ação de propaganda, que começara por divulgar a mesma história, mas por escrito. O vídeo daria muito mais força à ação.

A lenda da aeromoça da KGB não era lenda. Só uma versão bem amenizada do que realmente aconteceu. Em 1958, numa visita a Moscou, os soviéticos mandaram não uma, mas um grupo de comissárias de bordo a seu hotel. E filmaram tudo. Era uma tentativa de tê-lo em sua mão. E falhou miseravelmente.

Sukarno era adepto da poligamia e não escondia o fato. Estava, àquela altura, em sua quinta esposa. Diante da chantagem da KGB, parece ter ficado fascinado com as filmagens. Afirmou-se que ele até mesmo pediu uma cópia.

Sukarno, o bem-amado da Indonésia / Crédito: Wikimedia Commons

 

A CIA conhecia essa história, ainda que pareça ter ignorado o final. A primeira ideia era achar um sósia, mas sem sorte. Daí a máscara. O filme não foi adiante ou porque o resultado foi tão ruim quanto se imagina ou porque a CIA percebeu que estavam no meio dos anos 60 e não havia sido inventada a internet ainda. Nem mesmo havia VHS para que o vídeo passasse de mão em mão.

Sukarno perderia o poder gradualmente após 1º de outubro de 1965, quando um golpe de esquerda fracassou, levando ao domínio por parte da ala direita do Exército. A Indonésia passou a ser liderada pelo general Muhammad Suharto. Comunistas seriam massacrados. E Sukarno seria apeado do poder em 1967.

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