A Máquina de Anticítera - Divulgação/Universidade de Glasgow
Computador analógico

Computador analógico de 2 mil anos funcionava de forma diferente do que se pensava

Novo estudo sobre o funcionamento da Máquina de Anticítera, o primeiro computador da história, foi publicado na revista científica Horological Journal

Giovanna Gomes Publicado em 02/07/2024, às 10h50

Astrônomos da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, recentemente investigaram o funcionamento da Máquina de Anticítera, considerada o computador mais antigo da história. Descoberto por mergulhadores na Grécia em 1901, o instrumento criado há 2.200 anos funcionava como um calendário e monitorava eventos astronômicos, como os movimentos da Lua, do Sol e dos planetas.

Com o tamanho de uma caixa de sapato, a Máquina de Anticítera contava com engrenagens de cobre, assemelhando-se a um computador analógico.

O mecanismo, que representava os dias do ano com furos, seguia o calendário lunar grego de 354 dias, correspondendo a 12 ciclos de Lua crescente e minguante, de acordo com novas análises.

Os pesquisadores sustentam que um mecanismo com 354 furos, ajustado ao calendário lunar, é mais verossímil do que um anel com 365 furos, anteriormente considerado uma referência ao calendário solar egípcio.

Segundo informações do portal Galileu, o novo estudo reforça uma pesquisa de 2020, que também apoiou a hipótese de um anel com 354 furos. Devido ao estado de conservação precário da máquina, a medição manual é imprecisa, o que explica essas divergências.

Técnica utilizada

A pesquisa utilizou-se da análise bayesiana, uma técnica estatística que avalia a incerteza com base em dados incompletos, para estimar o número mais provável de orifícios no mecanismo. O método de análise foi descrito em um artigo na revista científica Horological Journal na última quinta-feira, 27.

Pareceu-me um problema interessante, e que pensei que poderia resolver de uma forma diferente durante as férias de Natal. Por isso, comecei a usar algumas técnicas estatísticas para responder à pergunta”, disse o professor Graham Woan, da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Glasgow e um dos autores do artigo, em comunicado.

“Isso aumentou meu apreço pelo mecanismo de Anticítera e pelo trabalho cuidadoso que os artesãos gregos dedicaram à sua confecção. A precisão do posicionamento dos furos teria exigido técnicas de medição altamente precisas, e uma mão incrivelmente firme para perfurá-los", afirmou Woan.

“Esperamos que as nossas descobertas sobre o mecanismo de Anticítera ajudem a aprofundar a nossa compreensão de como este notável dispositivo foi feito e usado pelos gregos.”

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