A narrativa dos EUA sobre o conflito armado mais longo na história do país é desmontada por relatos de participantes
Joseane Pereira Publicado em 11/12/2019, às 09h00
Após três anos de batalha judicial, o periódico estadunidense The Washington Post revelou cerca de 2 mil páginas de documentos oficiais sobre a Guerra do Afeganistão. Fazendo parte do projeto federal Lições Aprendidas, os textos são mais de 400 entrevistas sinceras de pessoas que tiveram papel crucial na guerra.
Entre os relatos, está o do general Douglas Lute, que liderou o conflito entre os governos de George Bush e Barack Obama: “Carecíamos de um conhecimento fundamental sobre o Afeganistão, não sabíamos o que estávamos fazendo. O que queríamos fazer aqui? Não tínhamos a mais remota noção do que estávamos atacando. Se o povo norte-americano conhecesse a magnitude da disfunção… 2.400 vidas perdidas!”.
Mais de 750 mil militares foram mobilizados a partir de 2001, e cerca de 2.400 deles morreram em batalhas. Enquanto isso, durante os 18 anos de guerra, diplomatas e presidentes ofereciam ao mundo relatos de progresso. “Cada dado foi alterado para apresentar o melhor quadro possível”, afirmou o coronel Bob Crowley em uma das entrevistas. “As pesquisas eram nada confiáveis, mas reforçavam a ideia de que tudo o que fazíamos era o certo.”
O jornal completa as informações com centenas de outras páginas, como anotações que o então secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, dava a seus subordinados entre 2001 e 2006. “Não tenho nenhum tipo de visibilidade sobre os quais são os maus”, afirma o secretário em uma das notas.
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