A Explanada dos Ministérios em obras - Marcel Gautherot
Brasil

A construção de Brasília em imagens

A construção da capital que faz aniversário foi um momento único no mundo; entenda-o em fotos do período

Texto Flávia Ribeiro / Fotos Marcel Gautherot Publicado em 21/04/2018, às 07h02

A nova capital era a metassíntese do Plano de Metas do presidente Juscelino Kubitschek, que queria fazer o país crescer "50 anos em 5". O projeto de levantar uma cidade daquela magnitude e ainda abrir 20 mil quilômetros de estrada em menos de quatro anos foi visto com descrença. JK delegou a missão a Costa e Niemeyer. "A ideia de interiorizar o Brasil vinha de um projeto pensado desde a colonização. Mas Brasília não seria possível fora do contexto nacional-desenvolvimentista, que começa com Vargas, em 1930, e só se encerra em 1964. É o símbolo de uma proposta que incluía o estabelecimento de comunicação com estados antes isolados", afirma o historiador Osvaldo Munteal Filho, da Uerj, autor de A Imprensa na História do Brasil: Fotojornalismo no Século XX.

Monumental, a empreitada custou na época 1,5 bilhão de dólares (mais de 80 bilhões hoje), segundo estimativa do ex-ministro da Fazenda Eugênio Gudin. Foi levada a cabo por milhares de operários: em 1959, havia na capital mais de 30 mil trabalhadores, que entregaram, na inauguração, 360 mil metros quadrados de construções prontas e 143 mil metros quadrados de obras em andamento. "Brasília tem a perspectiva estética e física do Brasil de dentro para fora. E é uma capital de linhas arrojadas", diz Munteal Filho.

Na lentes de Gautherot 

O francês Marcel Gautherot (1910-1996) acompanhou, de 1958 a meados de 1960, cada detalhe da obra que levantou Brasília. Das suas 25 mil fotos preservadas, 10% retratam a construção da capital planejada por Costa e Oscar Niemeyer no planalto Central. "Durante muitos anos, Marcel foi nosso fotógrafo preferido. E as fotos que fazia... Como sabia encontrar os pontos de vista adequados, os contrastes da arquitetura que tão bem compreendia!", escreveu Niemeyer em O Brasil de Marcel Gautherot. Ecos de seus estudos na Escola Nacional de Artes Decorativas, nos anos 1930, ainda na França. Lá, como funcionário do Museu do Homem, aprendeu a fotografar. Na mesma época leu o romance Jubiabá. Fascinado pela Bahia de Jorge Amado, desembarcou em 1939 para sua primeira visita ao Brasil. No ano seguinte, Rolleiflex em punho, mudou-se de vez. Acima de tudo, queria conhecer os brasileiros. "Detesto a fotografia espetacular. Eu me interesso mais pelo povo", dizia.

Pelo SPHAN, documentou da arquitetura colonial ao que havia de mais moderno, como as criações de Niemeyer e do paisagista Burle Marx. "Graças à amizade com Niemeyer, Gautherot teve acesso ilimitado às obras. Seu primeiro diferencial é a completude. Além disso, uma afinidade estética unia Costa, Niemeyer e o fotógrafo. Ele capta a essência da arquitetura modernista, a interação entre o prédio e a luz, entre o feito pelo homem e o providenciado pela natureza", afirma Samuel Titan Jr. um dos editores do livro Brasília - Marcel Gautherot. 

Gautherot entende como poucos a intenção do projeto da cidade. Fotografa a luz passando sobre estruturas vazadas, os espaços vazios entre os prédios, usa a luminosidade do cerrado. E não se detém no concreto. Foca os candangos, os operários vindos principalmente do Norte e do Nordeste, instalados em barracos, a gênese das favelas na região.

Confira algumas das melhores imagens. 

Congresso Nacional em obras 1958
Congresso em 1959
Outra visão do Congresso
A construção da parte superior
Operários dentro da cúpula da Câmara
Os Candangos de Bruno Giorgi em obras
Esplanada dos Ministérios e o Congresso
A esplanada dos Ministérios em obras
A sede do legislativo
O Palácio da Alvorada
Os Candangos já finalizados
Já finalizado

Saiba mais

Brasília - Marcel Gautherot, Samuel Titan Jr. (org.), IMS, 2010

Retratos da Bahia: Fotografias, Lélia Coelho Frota, Pinacoteca, 1996

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