Seu dono viveu há quase 1300 anos e participou dos mais importantes combates da história egípcia
Fábio Marton Publicado em 09/05/2018, às 14h34 - Atualizado às 16h55
Seu nome era Iwrhya. Sua tumba foi encontrada no sítio arqueológico de Saqqara, que por mais de 3 mil anos serviu de lugar de repouso final para os poderosos da vizinha Mênfis.
O que os arqueólogos escavaram, começando no ano passado, foi um grande complexo com salas, um átrio de entrada, diversas capelas e uma sala de estátuas. Em suas paredes, são retratadas cenas militares e do trabalho cotidiano de seu dono, descrito como “alto general, grande administrador da propriedade de Ramsés II e do domínio de Amon”.
Amon era, na época, o deus principal do panteão Egípcio (cargo ocupado antes por Hórus, depois Ra, então Amon-Ra). Essa demonstração de fé era importante: o país ainda se recuperava do turbilhão começado pelo Faraó Akenaton (r. 1351 a 1334 a. C.), que tentou demolir as tradições egípcias para instituir o culto ao deus único Aton, e terminou por destruir a própria dinastia.
Nem seria preciso saber do conteúdo da tumba para prever que Iwrhrya teve uma vida agitada. Ele serviu ao mais poderoso faraó da História, Ramsés II (r. 1279–1213 a.C.), mas seu trabalho começou no reino de seu pai, Seti I (r. 1290-1279 a.C.). Ele começara o que o filho terminaria: a reconquista contra os Hititas, transformando o Egito num império.
Entre as ações retratadas, o general aparece recebendo navios com vinho vindo de Canaã, trecho que abrigava civilizações semíticas como os fenícios, hebreus (depois israelitas e judeus) e moabitas. Provavelmente era um tributo de uma região tomada dos Hititas e agora dominada pelo Egito. Em outra cena, Iwrhya aparece cruzando um curso d'água com tropas de infantaria e uma unidade de bigas.
O trabalho foi liderado por Ola El Aguizy, egiptóloga da Universidade do Cairo. Segundo ele, as escavações vão continuar. Não foram ainda achadas as múmias do general e talvez também de seu filho Yuppa, e neto, Hatiay.
Se você acha o nome do general impronunciável, talvez até os egípcios tivessem esse problema. Os arqueólogos acreditam, ainda sem prova, que ele possivelmente era um estrangeiro.
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