"A extinção das abelhas", de Natalia Borges Polesso, apresenta um cenário regado de desigualdade e destruição do meio ambiente
Victória Gearini | @victoriagearini Publicado em 15/07/2021, às 13h27
Lançada na última segunda-feira, 12, pela editora Companhia das Letras, a obra "A extinção das abelhas" é o segundo romance publicado pela renomada escritora Natalia Borges Polesso.
Autora da obra "Amora", que venceu o Prêmio Jabuti e ja foi eleita uma das 44 obras mais importante que estão ajudando a mudar a cena LGBTQIA+, Natalia Borges Polesso acaba de lançar seu segundo romance.
A trama é ambientada em um mundo pós-pandemia, onde os níveis de desigualdade e segregação social são alarmantes e a destruição do meio ambiente é aterrorizante. Assim como as demais nações, o Brasil possui índices elevados de desemprego e precarização.
Natalia Borges Polesso é uma escritora urgente, uma voz definitiva, forte e essencial em nossa literatura, porque nos fala daquilo que esteve por tanto tempo em silêncio, porque, a partir de uma história individual, ela nos fala de uma busca que é a busca de todos nós: quem somos e em que mundo queremos viver", disse Carola Saavedra.
A partir de uma escrita impecável, a autora apresenta os antecedentes da crise já esperada. Para isso, ela conta a história a partir da visão da protagonista Regina, que diante do cenário caótico, decide entrar para o universo das camgirls aos 40 anos.
Em contrapartida, o leitor irá se deparar com a saga de Guadalupe, a mãe da personagem principal, e entender os motivos que levaram a mulher abandonar a própria filha. Em suma, esta obra distópica apresenta as intensas relações humanas, passando por questões atuais, como a solidão, os traumas e um mundo em colapso pós-pandemia.
Polesso escreve com precisão sobre mulheres machucadas e resilientes", analisou o Publishers Weekly.
Disponível na Amazon em formato Kindle e capa comum, "A extinção das abelhas" conta, ainda, com arte de capa feita por Mateus Valadares.
A pandemia de 2020 ensinou os meios. Primeiro o medo, a desinformação, a leviandade, a irresponsabilidade do governo federal, a falta de humanidade, a falta de senso comunitário, coletivo, depois o espetáculo das mortes, o aumento dos preços, as Bolsas quebrando, os sistemas de saúde entrando em curto-circuito. Fecharam fronteiras e aconselharam as pessoas a se manterem em resguardo. Cumpriu-se isso em partes. Houve quem desfilou sua ignorância e seu mau-caratismo pelas ruas. Para alguns, foi essencial estar fora de casa. Depois os congressos votaram pacotes de resgate econômico. Passado um ano, os países voltaram a crescer, disseram. Sanções foram impostas. Viagens continuaram a ser restringidas. O mundo precisava do sacrifício de todos, diziam. De quase todos. Os degredados, esses continuaram morrendo como morriam antes. O presidente à época achou uma ótima ideia levar consigo um dopplegänger cômico, decerto para contrastar com seu ar trágico. Mas os dois simbolizavam a morte. Da democracia, das instituições, do bom senso, da estética e do próprio simbólico. Uma peste tosca. Na posse da nova ministra da Cultura, uma atriz velha cuja carreira já havia acabado, tinha sido até a namoradinha do Brasil, seu discurso foi de que a cultura era como um peido espirrando talco do c* do palhaço. Na nossa cara. E no fim ela disse algo como cultura é assim, feita de palhaçada. Meses depois, caiu. Como caíram ministros da Saúde e o ministro racista da Educação. Comemoramos. Nos lamentamos. Não atentamos para os sinais. O que estávamos fazendo de verdade?
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