Fungos do gênero 'Sporothrix' - Divulgação/UFRJ
Fungo

Fungo descoberto no Brasil vira problema de saúde pública e preocupa cientistas

Conhecido há algumas décadas, o micro-organismo passou a afetar gatos do Rio de Janeiro e se espalhou para outros países

Redação Publicado em 09/02/2023, às 15h28

Recentemente, pesquisadores brasileiros retomaram os estudos a respeito do fungo Sporothrix brasiliensis, desconhecido até meados dos anos 1990, que afeta felinos, cães e seres humanos. Na última quarta-feira, 8, Flávio Telles, médico da Sociedade Brasileira de Infectologia, emitiu um comunicado explicando um pouco mais sobre o fungo, considerado um problema de saúde pública

Segundo informações do portal G1, o Sporothrix brasiliensis teve seu primeiro caso registrado no Rio de Janeiro, onde os especialistas analisaram que as transmissões ocorriam a partir de gatos de rua. Posteriormente, novas circulações do micro-organismo foram detectadas na Bolívia, Colômbia, Argentina, Inglaterra e Estados Unidos. 

Conforme dados da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), 178 casos de infecção, conhecida como esporotricose, foram registrados entre 1998 e 2001. Atualmente, houve um aumento significativo dos diagnósticos, como apontado por Telles, que também é professor da Universidade Federal do Paraná:

Segundo as últimas estatísticas, já são mais de 12 mil casos em seres humanos desde então. E isso sem contar os incontáveis registros em gatos e cachorros". 

Fungo

O micro-organismo descoberto no Brasil é essencial para decompor a matéria orgânica na natureza e, por isso, é comumente encontrado no solo e em algumas plantas. No entanto, o ciclo de infeção completo ainda é estudado pelos cientistas. 

Por algum motivo, o fungo se adaptou aos gatos. Neles, o patógeno causa uma doença disseminada, que provoca ferimentos no rosto e nas patas. E um gato infectado transmite para outros, além de passar para cachorros e seres humanos. Que fique claro: os gatos não são os culpados. Eles são tão vítimas quanto os cães e as pessoas", informou Telles

Marcio Lourenço Rodrigues, da FioCruz, que também participa dos estudos, ressaltou que os desequilíbrios ambientais podem ser a explicação para a propagação das contaminações:

Por que ele já estava ali no solo e, de repente, virou uma emergência de saúde pública? Há uma associação direta entre esse fato e a ocupação do solo, o desmatamento e a construção de moradias. Ou seja, você passa a ter uma desorganização de ecossistemas que antes estavam em equilíbrio e isso expõe animais e seres humanos a novos patógenos". 
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