Pesquisadores analisaram a alimentação da comunidade espanhola de El Algar, que existiu na Idade do Bronze
Vanessa Centamori Publicado em 12/03/2020, às 12h15
Um novo estudo, publicado por um time internacional de pesquisadores, no Jornal Científico PLOS ONE, mostrou que a desigualdade alimentar não vem de hoje: na Península Ibérica, há pelo menos 4 mil anos, a subnutrição já afetava os pobres, e o desigual acesso aos alimentos já era uma questão preocupante.
Os cientistas analisaram dois assentamentos diferentes da comunidade espanhola de El Algar, que viveu entre 2,2 mil a 1,5 mil a.C, durante a Idade do Bronze, e foi uma das primeiras sociedades complexas na Europa. Cemitérios e moradias dos antigos residentes entregaram pistas importantes sobre a hierarquia social que envolveu a civilização.
Além disso, os pesquisadores analisaram os restos mortais de 75 humanos de várias classes sociais, assim como 28 ossos de animais domésticos e selvagens. Outra tarefa feita pelos profissionais foi o estudo de grãos, como cevada e trigo, consumidos durante o declínio de El Algar.
Os experts descobriram que, em comparação com a população do assentamento de Gatas, outro assentamento, o de La Bastida, que era composto por membros da elite, tinha níveis mais altos de carbono e nitrogênio.
Isso significa que os ricos comiam mais comida com base animal do que os pobres. Restos mortais de três indivíduos de La Bastida, que eram mais favorecidos financeiramente, apontaram ainda que eles comiam mais laticínios.
Ao site britânico The Daily Mail, a pesquisadora Cristina Rihuete, da Universitat Autònoma de Barcelona, contou que isso acontecia pois nesse assentamento havia um manejo que combinava agricultura e pecuária. " Isso lhes permitiu aumentar sua economia agrícola e alimentar uma população consideravelmente numerosa - mil pessoas na época", afirmou Rihuete.
Outra descoberta importante dos pesquisadores é que em El Algar o desmame das crianças era feito quando elas tinham menos de dois anos de idade. Isso foi constatado por meio de ossadas de crianças de 18 a 24 meses de idade, que mostraram que de modo precopce elas já estavam comendo papinha de cereal e não mais consumindo leite materno.
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