Mulher de burca passa por soldado do Talibã em 2007 - Getty Images
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Líder do Talibã faz brincadeira controversa sobre "mulheres desobedientes"

Sirajuddin Haqqani falou sobre os planos do grupo jihadista para as afegãs durante uma entrevista

Ingredi Brunato, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 19/05/2022, às 11h33

Em entrevista à CNN, Sirajuddin Haqqani, que é um vice-líder do Talibã e atualmente ocupa a posição de ministro do Interior no governo afegão, discorreu a respeito das decisões que definirão o futuro das mulheres no país. 

O grupo fundamentalista islâmico, vale lembrar, tomou o poder no Afeganistão em agosto de 2021, vinte anos após seu último regime, que foi marcado pela repressão às mulheres e meninas. No período, elas eram impedidas de estudar e trabalhar, entre outras medidas restritivas. 

Quando questionado a respeito do medo que as afegãs estariam sentindo de movimentar-se pelas ruas sabendo que a milícia extremista detém o controle do governo, Haqqani disse, rindo: "Mantemos mulheres desobedientes em casa". 

Ao dizer mulheres desobedientes, foi uma piada referindo-se àquelas mulheres desobedientes que são controladas por alguns outros lados para questionar o atual governo", acrescentou como explicação à sua 'brincadeira'. 

Promessas vazias

Atualmente, de forma similar ao último regime do Talibã, as afegãs são obrigadas a usarem a burca, peça de roupa que cobre o corpo inteiro, incluindo os olhos. 

Ainda de acordo com a CNN, Haqqani explicou que mulheres podem "trabalhar dentro de sua própria estrutura", e meninas tem a liberdade de frequentarem a escola até a sexta série. "Não há ninguém contra a educação (das meninas)", enfatizou ele.

As declarações do político oferecem garantias de teor progressista, algo que tem sido visto desde a retomada o governo afegão pelo grupo jihadista, contudo, muitos analistas e cidadãos do próprio Afeganistão encaram essa narrativa com ceticismo. 

Passo a passo, eles estão tomando todas as nossas liberdades. O Talibã de agora e o Talibã dos anos 90 são o mesmo — não vejo nenhuma mudança em suas políticas e regras", afirmou Fátima, uma adolescente afegã de 17 anos, também à CNN. 
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