Tumbas estudadas na pesquisa - Reprodução / Universidade do Sul da Flórida
DNA

Na África, primeiro DNA antigo da civilização suaíli é achado em cemitério

O DNA revelou conexões ancestrais do povo suaíli com a Ásia, contrariando narrativas antigas criadas por outros nativos

Isabelly de Lima, sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 30/03/2023, às 14h04 - Atualizado em 31/03/2023, às 19h39

Em um cemitério, escavações revelaram o DNA de 80 indivíduos datados de até 800 anos, o que evidenciou o primeiro material genético antigo já descoberto da civilização africana suaíli. A descoberta foi registrada nesta quarta-feira, 29, na revista Nature e faz parte de uma investigação que durou décadas.

Essa investigação foi conduzida por Chapurukha Kusimba, antropólogo nativo do Quênia, da Universidade do Sul da Flórida, nos Estados Unidos. Ele dedicou 40 anos de estudo à ancestralidade daqueles que construíram civilizações, que incluem o povo suaíli, que ainda vive. Tal grupo manteve estados prósperos ao longo da costa da África Oriental no século 7.

O pesquisador passou um tempo com este povo, a fim de ganhar a confiança deles. Depois de um tempo, ele conseguiu autorização para realizar escavações no cemitério. Kusimba terminou seu trabalho em uma temporada só, para respeitar os restos mortais.

O trabalho foi feito ao lado dos geneticistas de Harvard, David Reich e Esther Brielle, e dos autores correspondentes, Jeff Fleisher, da Universidade William Marsh Rice (EUA), e Stephanie Wynne-Jones, da Universidade de York, na Inglaterra, de acordo com a Galileu.

Origem do povo

Segundo o estudo, o DNA suaíli revelou que a maioria dos ancestrais da linha masculina veio da Ásia, já os das mulheres vieram da África. Os resultados ainda mostraram que os ancestrais de ambas as origens começaram a se casar há, ao menos, mil anos. Essa informação desafia narrativas antigas, que foram construídas por outros nativos africanos, que sugerem que os suaílis mais ricos não tinham conexões ancestrais reais com a Ásia.

Kusimba revelou que planeja coletar mais amostras de DNA para a pesquisa, criando um catálogo maior e mais diverso, socioeconomicamente falando. Os métodos desse estudo sugerem também uma possível resolução para outras questões, como a herança de outros grupos que também fundaram cidades e civilizações antigas.

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