Peter Binoit, 'Comida, fruta e copo sobre uma mesa' - Divulgação/Museu do Louvre
Nazismo

Pinturas saqueadas há 80 anos são devolvidas à família do proprietário

Peças que se encontravam em exposição no Louvre desde 1950 foram devolvidas, mas os herdeiros optaram por doar as peças ao acervo permanente do museu

Giovanna Gomes Publicado em 12/06/2024, às 09h12

Oito décadas depois de terem sido saqueados por soldados nazistas, duas pinturas foram devolvidas à família de seu proprietário, o judeu Mathilde Javal. Desde 1950, as peças estavam em exposição no Museu do Louvre, aguardando a ação do programa de Recuperação do Museu Nacional da França. Com a autorização da família de Javal, elas devem agora retornar em definitivo para o acervo do museu francês.

As obras de arte devolvidas são "Natureza morta com presunto", do pintor holandês Floris van Schooten, e "Comida, fruta e copo sobre uma mesa", do alemão Peter Binoit. Os quadros estavam expostos na mansão de Javal até 1944, quando foram roubadas, segundo a Agence France-Presse (AFP).

De acordo com informações do portal Galileu, alguns membros da família lutaram durante a invasão de Paris pelas forças nazistas, com cinco deles sendo deportados e assassinados em Auschwitz.

Devolução

Com o fim do conflito, as peças ficaram sob tutela do governo da França. Iniciou-se, então, o programa de Recuperação do Museu Nacional, que visa identificar e devolver as obras aos seus legítimos proprietários.

Natureza morta com presunto", do pintor holandês Floris van Schooten / Crédito: Divulgação/Museu do Louvre

 

No entanto, não havia informações suficientes sobre a propriedade e erros na grafia de nomes e endereços impediram a devolução imediata dos quadros. Por esse motivo, muitos acabaram indo parar nos acervos de museus como o Louvre.

Apenas este ano, os profissionais do Ministério da Cultura, do Arquivo Nacional e da Comissão de Indenização às Vítimas de Espoliação (CIVS) conseguiram concluir a identificação dos donos de "Natureza morta com presunto" e "Comida, fruta e copo sobre uma mesa".

Os herdeiros de Javal, porém, optaram por doar as peças ao acervo permanente do Louvre: “É um dever de memória para com a minha família, saqueada e perseguida, cuja história fala às gerações atuais”, disseram eles à AFP.

Laurence des Cars, presidente do Louvre, afirmou, em nota, que a restituição das obras simboliza um ato de justiça: “A exposição que construímos juntos demonstra o nosso compromisso de lançar cada vez mais luz sobre a história da violência e da expropriação de que foram vítimas as famílias judaicas durante a ocupação [nazista], para que nenhuma mancha permaneça nas coleções nacionais”.

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