Uma amostra de DNA com herpes labial do século 17 - Universidade de Cambridge
Herpes

Vírus da herpes se espalhou pelo beijo durante as migrações há 5 mil anos

Atualmente, segundo a OMS, 3,7 bilhões de pessoas possuem herpes labial

Fabio Previdelli Publicado em 01/08/2022, às 12h15 - Atualizado em 06/08/2022, às 12h00

Há cerca de 5 mil anos, durante as grandes migrações de humanos da Eurásia para a Europa, surgiu o vírus da herpes (HSV-1). Foi isso que concluíram pesquisadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, que apontam que a herpes labial na Idade do Bronze se propagou devido à prática de beijar. O estudo foi publicado recentemente na Science Advanced.

Por conta do deslocamento populacional para outras regiões, novas práticas e culturas também se espalharam, o que inclui beijos, apontam os estudiosos; que analisaram amostras de DNA de milhões de anos atrás — o que ajudou a entender como os vírus se adaptaram desde então. 

Atualmente, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde, cerca de 3,7 bilhões de pessoas possuem herpes labial. Para se ter ideia, o número corresponde a quase metade da população mundial (estimada em 7,75 bilhões).

Os pesquisadores, que se se dizem os primeiros a descobrir e sequenciar genomas antigos do HSV-1, conforme repercute matéria da BBC, apontam que analisaram dados genéticos que correspondem a um período de mil anos ; sendo que, até então, os dados mais antigos sobre a herpes correspondem a 1925. 

Detalhes

Para chegar a essa conclusão, os cientistas estudaram amostras extraídas de DNA viral de raízes dentárias de quatro indivíduos. Com isso, eles conseguiram estimar uma linha do tempo da evolução do vírus. 

Segundo apontam os pesquisadores, o registro mais antigo de beijo que se tem remete a um manuscrito da idade do Bronze, na região compreendida como sul da Ásia. Séculos depois, durante o império de Tibério (14 d.C. - 37 d.C.), o romano tentou proibir os beijos em funções oficiais, como uma forma de diminuir a propagação de doenças, o que eles acreditam estar ligado à herpes. 

"Todas as espécies de primatas têm algum tipo de herpes, então assumimos que está conosco desde que nossa própria espécie deixou a África", explica Christiana Scheib, pesquisadora do St John's College, de Cambridge (Inglaterra), e diretora do laboratório de DNA antigo da Universidade de Tartu, na Estônia.

No entanto, algo aconteceu cerca de 5.000 anos atrás que permitiu que uma cepa de herpes prevalecesse sobre todas as outras, possivelmente um aumento nas transmissões, o que poderia estar relacionado ao beijo", completa.

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