O ditador haitiano Jean-Claude Duvalier, o Baby Doc, ameaçava os atletas do seu país - Getty Images

Participação acidental

No Haiti, para competir nos Jogos Olímpicos, nem se passava por seletivas

Redação Publicado em 17/08/2016, às 14h51 - Atualizado em 23/10/2017, às 16h35

Um país que apresentou vexames seguidos em Jogos Olímpicos foi o Haiti, nos anos 1970 e início de 1980. Os haitianos estavam sob a ditadura da família Duvalier, apoiada pelos Estados Unidos. François Duvalier, mais conhecido como “Papa Doc”, era centralizador e autoritário. Foi eleito presidente em 1957 e permaneceu no poder até sua morte, em 1971. Seu filho, Jean-Claude, o “Baby Doc”, assumiu. Os dois governos ordenaram o extermínio de milhares de opositores. O país mergulhou na miséria, enquanto seus comandantes se esbaldavam no luxo. 
Para as Olimpíadas, Baby Doc enviava amigos “atletas”, que não precisavam passar por seletivas. Em Munique, 1972, o “corredor” Anilus Joseph, ao ser ultrapassado por todos os competidores, desistiu da prova. Olimeus Charles deu outro vexame, nos Jogos de Montreal, em 1976: correu na prova dos 10 mil metros e levou 42 minutos para concluir a competição, chegando 15 minutos depois do vencedor. Seu conterrâneo Wilnor Joseph também decepcionou. Para concluir os 800 metros do atletismo, levou mais de 2 minutos e 15 segundos – o recorde atual masculino está abaixo de 1 minuto e 41 segundos. 
Em Los Angeles, 1984, Dieudonné LaMothe foi o último colocado na prova de atletismo, mas foi aplaudido pelo público. Ele revelou ter sido ameaçado pela polícia secreta haitiana se não terminasse a competição. Baby Doc foi derrubado em 1986, indo para o exílio. Em 1990 Jean-Bertrand Aristide foi eleito presidente, mas a democracia durou poucos meses. Com novo golpe, a ditadura militar foi restaurada no país. Quatro anos depois, com a ajuda dos Estados Unidos Aristide volta ao governo, sem conseguir acabar com a miséria, a violência e a corrupção. O Haiti hoje está sob intervenção da ONU.
Personagem

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