Índio Bororo" durante a Expedição Langsdorff à Amazônia (1825 - 1829). - Reprodução/Hercules Florence
Brasil

Expedição Langsdorff: a perigosa aventura da viagem de Rugendas

Em busca de amostras da fauna e da flora do interior do Brasil, 27 pessoas morreram

Mariana Ribas Publicado em 13/11/2018, às 11h00 - Atualizado em 14/11/2018, às 14h40

Em nome da ciência, 27 pesquisadores e aventureiros perderam a vida no interior do Brasil, entre 1821 e 1829. Eles participaram de uma expedição audaciosa, que pretendia coletar amostras da fauna e da flora do país e também conhecer os costumes dos povos nativos. O objetivo até foi alcançado: a coleta de espécimes deu origem ao Herbário do Museu Nacional, que sobreviveu ao incêndio que destruiu o edifício, no Rio de Janeiro, em setembro. Mas a epopeia foi muito mais perigosa e fatal do que os organizadores podiam imaginar.

Financiada pelo czar Alexandre I, imperador da Rússia, a viagem foi batizada segundo o nome de seu principal líder, o naturalista Georg Heinrich von Langsdorff. Participaram dela, além de pesquisadores respeitados como Lodwig Reidel, Edouard Ménétriés e Nester Rubtsov, também artistas do porte de pintores Johann Moritz Rugendas, Aimé-Adrien Taunay e Hércules Florence.

Cachoeira de Ouro Preto, Minas Gerais Mortiz Rugendas

A viagem percorreu seis estados brasileiros, somando um total de 17 mil quilômetros. Começou em Porto Feliz (SP) e seguiu até o Amazonas, passando por Cuiabá. Partiu com 39 pessoas e terminou com apenas 12. 

Segundo a historiadora, professora e autora do livro Bastidores da Expedição Langsdorff, Maria de Fátima Costa, “o ambiente não era dos mais harmoniosos. Houve muitos conflitos. O primeiro deles com Rugendas. O pintor e Langsdorff se desentenderam várias vezes”. Rugendas acabou sendo expulso da expedição e levou de volta para a Europa 500 de suas ilustrações.

Georg Heinrich von Langsdorff, o lider da expedição Wikimedia Commons

O caminho turbulento

Os caminhos percorridos foram marcados de intensos conflitos com a natureza. "Apesar do orçamento generoso e da equipe maravilhosa", afirma a historiadora, "Langsdorff não contava com uma série de percalços. Já imaginou atravessar rios encachoeirados a bordo de canoas? A travessia do Juruena, no Mato Grosso, foi das mais perigosas. Uma verdadeira odisseia. Muitas vidas se perderam".

Em 1828, um ano antes da expedição acabar, Langsdorff foi infectado por malária e começou a apresentar indícios de loucura. O último registro escrito do líder da expedição foi: “Precisamos apressar nossa marcha. Temos ainda de atravessar lugares perigosos. Se Deus quiser, hoje continuaremos nossa viagem. As provisões minguam a olhos vistos, mas ainda temos pólvora e chumbo". Langsdorff sobreviveu.

Expedição Langsdorff Aimé-Adrien Taunay

Um ano antes do esperado, em 1829 a expedição se encerrou. Foram levados diversos achados da terra brasileira para o Império Russo, entre eles animais empalhados, amostra de plantas nativas, mais de 800 documentos e as ilustrações que se localizam na Academia de Ciências de Leningrado (atual São Petersburgo), onde foram esquecidas.

O diário de Langsdorff foi descoberto apenas em 1930 e publicado em 1998. O grupo de pesquisadores que participou da exposição inspirou mais de 400 livros em 10 idiomas diferentes.

Apenas uma fração do material coletado ficou no Brasil. É mais fácil localizar as amostras em dezenas de diferentes museus da Europa.

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