O quadro 'Circuncisão de Jesus' por Friedrich Herlin - Crédito: Reprodução
Personagem

O prepúcio sagrado de Jesus Cristo está desaparecido há mais de 30 anos

Dos órgãos humanos que viraram relíquias sagradas, o prepúcio é o Santo Graal

Álvaro Oppermann Publicado em 15/07/2019, às 08h00

De acordo com a Bíblia, Jesus ressuscitou dos mortos e subiu aos céus. Por isso, ele não deixou na Terra evidências físicas de sua existência. 

Ou deixou? Durante a Idade Média, fieis veneraram vidrinhos com sangue, lágrimas e suor que teriam sido recolhidos de Cristo. Mas o Santo Graal dessas relíquias era um órgão do corpo: o prepúcio, a pele que recobre o pênis. Segundo os evangelhos, ele perdeu essa parte aos 8 dias de vida, ao ser circuncidado conforme a religião judaica. 

Até o final do século 20, a relíquia atraiu peregrinos para a vila de Calcata, Itália, a 30 quilômetros de Roma. A peça ficava em uma caixa de sapatos na casa do padre local, Dario Magnoni. Todo dia 10 de janeiro, era colocada dentro de um relicário e exibida aos fieis. 

Até 1983: segundo o padre, uma noite ele encontrou o quarto arrombado e a caixa vazia. Mais de três décadas depois, o caso permanece sem solução. Entre os suspeitos do roubo estão sociedades secretas, seitas satânicas e o próprio Vaticano.

Por seis anos, o jornalista americano David Farley procurou este que seria o único pedaço do corpo do filho de Deus. Não achou, mas contou a aventura no livro An Irreverent Curiosity (Uma Curiosidade Irreverente). 

Relíquias não são novidade na história da Igreja Católica, mas elas ficaram muito mais importantes durante a Idade Média. Nessa época, os teólogos lembraram que o Evangelho de São Lucas mencionava a circuncisão do messias e que, segundo os evangelhos apócrifos, o pedaço de pele foi conservado em um jarro com essências aromáticas.

De repente, o santo prepúcio apareceu em 18 cidades da Europa – a vila francesa de Auverne chegou a possuir dois simultaneamente. Nenhum, no entanto, tinha o prestígio do de Calcata.

Entregue por um anjo ao imperador Carlos Magno, a relíquia foi dada mais tarde de presente ao papa Inocêncio III, no ano 800. Quando Roma foi pilhada, em 1527, ela sumiu, para reaparecer 30 anos depois, em Calcata. 

Farley não resolveu o caso. Mas, acredita, o maior suspeito do roubo é o padre Magnoni, que teria levado o prepúcio para o Vaticano. Nem ele nem  a Igreja comentam o caso.


Saiba mais

An Irreverent Curiosity: In Search of the Church's Strangest Relic in Italy's Oddest Town, David Farley, 2009

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