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Notícias / Baleia

Antiga espécie de baleia é alvo de controvérsias entre pesquisadores

Em 2023, uma espécie de baleia foi apresentada como o animal mais pesado já conhecido; no entanto, um novo estudo apontou que as primeiras impressões estavam erradas

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 01/03/2024, às 08h35

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Representação de um Perucetus colossus ao lado de uma baleia-azul - Divulgação/Cullen Townsend
Representação de um Perucetus colossus ao lado de uma baleia-azul - Divulgação/Cullen Townsend

A descoberta dos ossos fossilizados de uma antiga baleia gigantesca, anunciada por uma equipe de paleontólogos em agosto do ano passado, deixou a comunidade científica maravilhada. Batizada de Perucetus, essa criatura poderia ter ultrapassado as 200 toneladas, o que a tornaria o animal mais pesado já conhecido.

No entanto, um estudo publicado na última quinta-feira, 29, contestou essa afirmação. Nicholas Pyenson, paleontólogo do Museu Nacional de História Natural Smithsonian — localizado em Washington — e um dos autores do novo estudo, afirmou: "Os números simplesmente não fazem sentido".

Nesta nova análise, Pyenson e o paleontólogo da Universidade da Califórnia em Davis, Ryosuke Motani, concluíram que Perucetus provavelmente pesava de 60 a 70 toneladas, equiparando-se ao tamanho de um cachalote.

Além disso, eles revisaram fósseis de baleia-azul, fornecendo uma nova estimativa de peso para essa espécie. Segundo o New York Times, a dupla concluiu que as baleias-azuis podem pesar até 270 toneladas, o que é muito mais do que as estimativas anteriores apontavam — 150 toneladas —, o que as tornaria a espécie mais pesada conhecida na história do reino animal.

Descoberta do Perucetus

A descoberta de Perucetus ocorreu em 2010, quando Mario Urbina, paleontólogo do Museu de História Natural da Universidade Nacional de San Marcos, em Lima, no Peru, avistou um osso no deserto da região sul do país. Urbina e sua equipe escavaram na época 13 vértebras, quatro costelas e parte de uma pélvis.

A fonte destaca que os ossos tinham características de baleias, mas eram notavelmente grandes e pesados. A partir do estudo de outras espécies que viveram na mesma época, e também inspirando-se nos peixes-boi atuais, que têm esqueletos densos para se manterem submersos enquanto se alimentam de algas marinhas, o pesquisador e seus colegas conseguiram reconstruir o esqueleto completo do Perucetus.

A reconstrução resultou em um animal bizarro, com um enorme tronco, uma cabeça minúscula, nadadeiras e patas traseiras vestigiais.

Motani, especialista em reconstrução de corpos de animais marinhos extintos, porém, ficou intrigado com as conclusões. "Pensei: como seria possível? Como se pode compactar essa massa neste volume?", questionou.

O pesquisador então entrou em contato com Pyenson, especialista em fósseis de baleias, e ambos concordaram que modelar Perucetus com base nos peixes-boi foi um equívoco, já que apenas as baleias evoluíram para tamanhos gigantescos.

Novo estudo

Em seu próprio estudo, Pyenson e Motani revisaram dados de baleias vivas. Com base em informações coletadas por navios baleeiros japoneses na década de 1940, eles estimaram o peso das baleias-azuis. Além disso, criaram um modelo tridimensional da baleia-azul para estimar o peso de Perucetus. No fim, eles concluíram que Perucetus pesava entre 60 e 70 toneladas, muito menos do que o afirmado pela outra equipe de pesquisa.

Eli Amson, especialista em tecido ósseo do Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, na Alemanha, entretanto, discordou desta nova abordagem, afirmando que a biologia da baleia extinta era muito diferente das baleias modernas. Ele e seus colegas agora estão realizando seu próprio modelo tridimensional da espécie antiga e apontam que o Perucetus era ainda mais parecido com peixe-boi do que acreditavam originalmente.

+ Confira aqui o estudo de Pyenson e Motani.