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Matérias / Orca

52 anos em cativeiro: A orca que será libertada nos EUA

Lolita foi capturada em 1970, tendo passado décadas como a atração principal de um parque aquático

Ingredi Brunato Publicado em 03/04/2023, às 17h50

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Foto de Lolita e treinadora - Divulgação/ Miami Seaquarium
Foto de Lolita e treinadora - Divulgação/ Miami Seaquarium

No fim do último mês de março, o Miami Seaquarium, um parque aquático localizado no estado norte-americano de Miami, anunciou que irá libertar uma das orcas que usava para apresentações após mais de 50 anos. 

Lolita (ou Toki, seu antigo nome), possui nada menos que 56 anos de vida, tendo passado boa parte de suas décadas vivendo em um tanque de água de 26 metros de comprimento e 11 metros de largura dimensões muito pequenas para uma baleia de 6 metros de comprimento e 3.200 quilos e sem qualquer contato com a sua espécie. 

Captura violenta

Lolita foi capturada por pescadores nas proximidades da cidade de Seattle, nos EUA, quando tinha apenas 4 anos. Era agosto de 1970, e outras sete orcas também seriam separadas de seu bando naquele mesmo período. 

Graças à atuação dos ativistas de proteção aos animais, muitas redes foram cortadas, fazendo com que dezenas de filhotes de baleia conseguissem nadar de volta para suas mães, mas nem todos tiveram a mesma sorte.

Segundo divulgado pelo Dolphin Project, houve inclusive quatro deles que morreram afogados por ficarem tempo demais presos nas cordas debaixo d'água, sendo, portanto, impedidos de subir à superfície para respirar. No mês seguinte, Lolita seria vendida ao Miami Seaquarium, onde está até hoje. 

Cativeiro

Lolita em seu tanque / Crédito: Divulgação/ CBS Miami

Durante seus primeiros 10 anos no local, pelo menos contava com a companhia de Hugo, um macho de sua espécie. Depois que ele morreu em 1980, porém, a orca fêmea foi deixada completamente solitária. 

Ela continuou sendo forçada a se apresentar para os visitantes do parque aquático até 2022, quando os funcionários do estabelecimento finalmente a aposentaram, após 52 anos gerando entretenimento para plateias humanas. 

Vale mencionar que grupos de ativistas já lutam há muito tempo pela liberdade de Lolita, ou, no mínimo, por uma melhora de suas condições de vida.

É apenas neste ano de 2023, após o animal perder a utilidade para o Miami Seaquarium, que o lugar decidiu colaborar com a organização não governamentalFriends of Toki para levar a orca de volta para as águas do Pacífico. 

Libertação

A realocação de uma baleia após tantas décadas em cativeiro não é simples. Lolita não sabe caçar seus próprios alimentos, por exemplo, e provavelmente morreria caso fosse apenas liberada no oceano. 

Temo que, quando virem que ela está sendo levada para casa, as pessoas irão imaginar que será uma espécie de ‘momento Free Willy’, onde ela nadará e se conectará com sua família. Não consigo imaginar isso acontecendo", explicou o historiador ambiental Jason Colby em entrevista à BBC.

O plano para proporcionar esse fim de vida mais tranquilo para a orca que foi arrancada de seu bando aos 4 anos e submetida a uma situação de confinamento durante a maior parte de sua vida seria em um cercado oceânico, onde ainda poderia ser alimentada por humanos. 

Neste local, Lolita teria uma série de melhoras em relação às suas condições atuais: contaria com mais espaço para nadar, estaria de volta em contato com as águas que já não sente desde 1970 e ainda poderia ouvir os cantos emitidos por outras baleias. 

O projeto, que será realizado no decorrer dos próximos dois anos, terá o financiamento do Jim Irsay, que é o presidente do Indianopolis Colts, um time de futebol dos Estados Unidos, e possui uma fortuna milionária. 

Vale mencionar que, na natureza, orcas fêmeas vivem entre 50 e 80 anos, por vezes alcançando os 90. Neste contexto, a longevidade de Lolita apesar de viver em cativeiro é impressionante. Se tudo correr como planejado, ela poderá ter em breve um gostinho do que sua vida poderia ter sido caso nunca houvesse sido capturada por humanos.  

Ainda à BBC, Colby descreveu essa aguardada volta da baleia ao seu habitat natural como uma "vitória simbólica e poderosa", que pode inclusive trazer conscientização para as condições de outras orcas mantidas cativas ao redor do mundo.