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Matérias / Pastafarianismo

A Igreja do Monstro de Espaguete Voador: O que é o Pastafarianismo?

Conheça a religião satírica em que é obrigatório se vestir de pirata e usar um escorredor de macarrão como chapéu

Ingredi Brunato Publicado em 31/05/2023, às 17h54 - Atualizado em 03/01/2024, às 15h24

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Imagem representando o pastafarianismo - Domínio Público
Imagem representando o pastafarianismo - Domínio Público

Em 2005, o Conselho Educacional do Kansas, nos EUA, considerava tornar obrigatório o ensino de Criacionismo nas escolas, que é a crença de que o Universo foi criado por uma entidade divina.

Caso a proposta fosse para frente, esses pensamentos de teor religioso se tornariam um componente obrigatório do currículo escolar da região, sendo ensinados durante as aulas de ciências lado a lado com o Evolucionismo, teoria científica que diz que as espécies evoluíram com o passar do tempo. 

A fim de protestar contra a ideia, Bobby Henderson publicou uma carta aberta para o Conselho Educacional do Kansas em que pediu para que suas supostas "crenças religiosas" também fossem incluídas no desdobramento. 

Segundo explicou o estadunidense na mensagem, ele acreditava que o Universo havia sido criado pelo Monstro de Espaguete Voador, e, se o Criacionismo fosse incluído nas salas de aula, então era justo que o mesmo tratamento fosse dado para os ensinamentos de sua religião, o chamado "pastafarianismo" ("pasta", vale mencionar, é "macarrão" em italiano). 

Alguns acham difícil de acreditar, então pode ser útil contar a vocês um pouco mais sobre nossas crenças. Nós temos evidências de que um Monstro Voador de Espaguete criou o universo. Nenhum de nós, é claro, estava por perto para ver acontecer, mas temos textos escritos a respeito. Nós temos vários longos volumes explicando todos os detalhes do poder Dele", explicou Henderson na carta.

O criativo protesto do estadunidense em oposição à doutrinação cristã em escolas chama até hoje a atenção de pessoas nos Estados Unidos e no mundo devido aos seus elementos excêntricos.

Assim, ao longo dos anos, o movimento religioso satírico (que é oficialmente reconhecido como religião na Polônia, Holanda e Nova Zelândia) acabou crescendo em seguidores. 

 Rüdiger Weida (que é conhecido também pelo apelido de Bruder Spaghettus) do lado de placa que anuncia o local e horário de um encontro semanal pastafariano conduzido por ele em uma pequena cidade na Alemanha/ Crédito: Divulgação/ Igreja do Monstro de Espaguete Voador 

A Igreja do Monstro de Espaguete Voador 

No site oficial do pastafarianismo, é alegado que a religião na verdade já é cultuada há centenas de anos, e a carta aberta escrita por Bobby Henderson em 2005 apenas a tornou pública. Além disso, o portal garante que suas crenças são "baseadas em ciência pura", e que "qualquer coisa que se pareça com humor ou sátira é mera coincidência". 

Outro elemento de grande importância dentro do culto ao Monstro de Espaguete Voador são os piratas, descritos como "os pastafarianos originais".

O aquecimento global, terremotos, furacões e outros desastres naturais são um efeito direto do número cada vez menor de piratas desde o século 19", apontou Henderson em seu texto ao conselho escolar. 

Assim, roupas de pirata são consideradas como uma vestimenta tradicional dentro do movimento religioso, e o mesmo vale para escorredores de macarrão usados como chapéus.

Ainda de acordo com o site oficial da Igreja do Monstro de Espaguete Voador, sua congregação não cobra dinheiro dos fiéis, toda sexta-feira é um feriado religioso, e, após a morte, os adeptos vão para um Paraíso onde existe um "vulcão de cerveja". 

A literatura pastafariana inclui também uma lista de regras para seus seguidores, semelhante aos 10 Mandamentos presentes no cristianismo. No caso dos fiéis que cultuam a divindade de carboidrato, contudo, eles só precisam seguir 8 orientações, e elas soam mais como conselhos do que ordens necessariamente, já que todas começam com "eu realmente preferiria que você não (...)". 

"Eu realmente preferiria que você não usasse minha existência como um meio de oprimir, subjugar, punir, eviscerar e/ou, você sabe, ser mau com os outros. Não exijo sacrifícios e a pureza é para água potável, não para as pessoas", diz, por exemplo, o segundo postulado da lista. 

Um outro detalhe relevante a respeito das crenças do pastafarianismo é que, apesar de seus posicionamentos críticos, ele não é definido como um movimento "anti-religião", e sim "anti-tolices malucas feitas em nome da religião", conforme pontua o portal. 

Os seguidores

Existem várias maneiras de colocar o culto ao Monstro de Espaguete Voador em prática, incluindo a realização de passeatas onde todos estão vestidos de pirata.

Passeata pastafariana / Crédito: Divulgação/ Wikimedia Commons/ Joe Mabel  

Além disso, pessoas de diversas nações diferentes já conseguiram posar com um escorredor de macarrão na cabeça para as fotos de documentos oficiais alegando ser um adorno sagrado — o que o colocaria sob proteção das leis de liberdade religiosa do local. 

Exemplo de carteira de motorista de homem usando escorredor de macarrão / Crédito: Divulgação/ Arquivo Pessoal

Na Nova Zelândia, também foi realizado em 2016 o primeiro casamento feito de acordo com as "tradições pastafarianas", isso é, com todos a caráter em suas vestimentas de pirata, muito carboidrato no buffet e outras alterações peculiares às celebrações matrimoniais a que estamos acostumados. 

Conforme repercutido pela AP na época, o noivo prometeu em seus votos "sempre salgar o macarrão antes de cozinhá-lo", e, na hora do beijo, o casal sugou as pontas opostas de uma unidade de espaguete até seus lábios se encontrarem, em estilo "A Dama e o Vagabundo". 

Em uma entrevista de Bobby Henderson ao The Guardian em 2019, ele comentou sobre como os costumes do pastafarianismo vão se desenvolvendo: 

Adoraria dizer a você que nossas tradições são todas planejadas. Mas muitas delas simplesmente acontecem, e ou grudam, ou não grudam. Como espaguete", concluiu ele.