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Matérias / Epopeia de Gilgamesh

Antes da 'Ilíada' e 'Odisseia': A curiosa Epopeia de Gilgamesh

Escrita nada menos 4 mil anos atrás, a Epopeia de Gilgamesh é uma das primeiras obras literárias da humanidade

Ingredi Brunato Publicado em 10/01/2023, às 09h18 - Atualizado em 23/02/2023, às 20h41

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Fotografia de uma das 12 tábuas que contam a epopeia - Divulgação/ Domínio Público
Fotografia de uma das 12 tábuas que contam a epopeia - Divulgação/ Domínio Público

A Ilíada e a Odisseia são obras literárias históricas atribuídas à figura do poeta Homero. Essenciais aos currículos escolares do Ocidente, elas remontam à Grécia Antiga, narrando as aventuras épicas dos heróis Aquiles e Ulisses, respectivamente. 

Essas histórias, todavia, não são as primeiras a serem criadas pela humanidade. A "Epopeia de Gilgamesh", um poema épico criado pela civilização suméria, foi criado há 4 mil anos (ou 1,5 mil anos antes das epopeias homéricas). 

A obra literária, que havia sido registrada emescrita cuneiformeem 12 tábuas de argila, foi desenterrada no século 19 dentre as ruínas da biblioteca da antiga cidade assíria de Nínive, território hoje localizado no Iraque. 

Na época, ainda não sabíamos como traduzir o idioma sumério — apenas foi possível decifrar o poema ancestral no final daquele século, após a descoberta da "Inscrição de Beistum", um artefato que revelou os equivalentes do alfabeto cuneiforme na língua persa, na babilônia e na elamita. 

As tábuas encontradas em Nínive contam a trajetória do rei Gilgamesh, governante da cidade de Uruk, que é narrado irritando os deuses, lidando com a perda de um amigo e buscando o segredo para a imortalidade, entre outras coisas. 

Fotografias de estátuas representando, respectivamente, Gilgamesh e Enkidu, outro personagem da epopeia / Crédito: Domínio Público

Uruk, vale mencionar, é um local real da Mesopotâmia que foi nada menos que a primeira metrópole do mundo, tendo sido habitada no século 5 a.C. Da mesma forma, pesquisadores acreditam que também Gilgamesh tenha existido. Na epopeia, ele é retratado como um líder tirânico no tratamento de seu povo. 

Composta de 300 versos, um aspecto curioso a respeito da história suméria é que sua décima segunda tábua traz uma versão resumida dos eventos que, no entanto, contradiz o que foi contado até ali. Por esse motivo, pesquisadores por vezes levam somente as primeiras 11 tábuas em consideração. 

História de 5 mil anos

No início do poema, os deuses decidem punir Gilgamesh por ser um rei despótico que não se importa com o bem de seu povo. Para tanto, eles criam do barro um "homem selvagem" que está à altura do governante, sendo capaz de desafiá-lo: Enkidu

Os dois eventualmente acabam travando um combate feroz, no entanto, terminam a luta empatados, ao que se abraçam e decidem se tornarem amigos. A partir de então, a dupla vive uma série de aventuras juntos. 

A certo ponto, todavia, Gilgamesh irrita uma deusa por recusar sua proposta de casamento, e, como vingança, ela joga uma praga sobre Enkidu, que passa 12 dias enfermo antes de padecer. 

Em seu luto pela morte do amigo, o herói começa uma jornada em busca pela imortalidade. Ele descobre uma planta capaz de conceder o seu desejo, mas, após consegui-la, muda de ideia, em vez disso a presenteando aos anciãos da cidade de Uruk. 

A epopeia termina com a morte de Gilgamesh, que reflete sobre seu legado durante os últimos momentos. A obra literária aborda, assim, uma série de temáticas fundamentais à existência humana.