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O Vulto das Torres: A Al-Qaeda e O Caminho até 11/9 - o duro caminho de Osama

Vencedor do prêmio Pulitzer de 2007 e elogiado por críticos, o livro do jornalista Lawrence Wright descreve em detalhes a formação da Al-Qaeda

Fabiano Onça Publicado em 01/07/2007, às 00h00 - Atualizado em 19/10/2018, às 09h55

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Aventuras na História - Arquivo Aventuras
Aventuras na História - Arquivo Aventuras

Desde os atentados na Tanzânia e no Quênia, em 1998, o mundo começou a ser tomado pelo mito da Al-Qaeda. Quando as Torres Gêmeas desabaram, em 2001, a Al-Qaeda já havia se tornado, na imaginação do mundo, um inimigo capaz de arquitetar – e executar – os planos mais sanguinários. A ação espetacular havia surtido efeito: nenhum lugar podia se declarar inexpugnável ao terror.

A partir dessa premissa, o jornalista Lawrence Wright, celebrado colunista da revista New Yorker, começou a juntar as peças. Entre 1969 e 1971, Wright viveu no Egito, a serviço da Universidade Americana no Cairo, e lá teve seu contato com a Irmandade Muçulmana.

A grande qualidade do livro emerge do modo objetivo e isento com que Wright encaminha a narrativa. A história de Al-Zawahiri, o número 2 da Al-Qaeda, é traçada desde a infância. Ele veio de uma prestigiosa família de médicos. Era um aluno brilhante e idealista. Aos 15 anos, montou sua primeira célula clandestina. Poucos anos depois, foi preso e enviado para as prisões do Egito. Lá, sob tortura, denunciou vários amigos.

O mesmo pode-se dizer de Osama bin Laden. Um dos mais de 20 filhos do maior empreiteiro da Arábia, Osama, a despeito de uma existência confortável, costumava “colocar a mão na massa”. Era comum vê-lo, segundo o livro, trabalhando junto com seus empregados. Osama manteve também uma vida austera, tanto para si quanto para suas quatro esposas e filhos. Wright demonstra como a vida desses homens os levou para a luta contra os Estados Unidos.

O jornalista também aponta as várias tolices e ações desastrosas de Bin Laden e companhia, como em uma das primeiras ações contra os soviéticos, no Afeganistão. Em pânico contra um possível ataque, eles explodiram todo o seu QG. Apenas para, no dia seguinte, sem a presença de soviéticos, constatar que fora apenas seu pânico o responsável por demolir seu esconderijo. E é aí que reside o mistério: como homens relativamente comuns, com qualidades inegáveis, mas com falhas amadorísticas como guerrilheiros, conseguiram desafiar a maior potência de todos os tempos? Mistério que Wright se propõe desvendar.

TRECHOS

“Um atendia à necessidade do outro. Zawahiri precisava de dinheiro e contatos, coisas que bin Laden dispunha em abundância. Bin Laden, um idealista dedicado a causas, buscava um rumo, que Zawahiri, um propagandista tarimbado, forneceu. Não eram amigos, mas aliados. Cada um acreditava poder usar o outro, e cada um foi impelido numa direção que nunca pretendeu tomar. O egípcio tinha pouco interesse no Afeganistão, exceto como uma área de preparação para a revolução em seu próprio país. Planejava aproveitar a Jihad afegã como uma oportunidade de reconstruir sua organização destroçada. Em Bin Laden, encontrou um patrocinador abastado, carismático e flexível. O jovem saudita era um salafista devoto, mas fraco como pensador político. Até conhecer Zawahiri, jamais expressara oposição ao seu próprio governo ou a outros regimes árabes opressivos.

O Vulto das Torres: A Al-Qaeda e O Caminho até 11/9

Lawrence Wright, Companhia das Letras, R$ 56,00, 528 páginas

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