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Matérias / Coluna

Há 151 anos, mais de 3 mil crianças eram mortas na Batalha de Acosta Ñu

Com um resultado catastrófico, Solano López enviou crianças e jovens disfarçadas no campo de batalha

M. R. Terci Publicado em 16/08/2020, às 00h00

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Representação da batalha (à esqu.) López (à dir.) - Wikimedia Commons
Representação da batalha (à esqu.) López (à dir.) - Wikimedia Commons

A costa Ñu, 16 de agosto de 1869” – respondem as crianças em uníssono quando inquiridas pela professora. São meninas e meninos que aprenderam desde cedo a refletir sobre o passado, alunos do ensino fundamental paraguaio que sabem de cor o nome das escaramuças mais encarniçadas.

Dentre as datas oficiais celebradas no país, está o 16 de agosto – Dia das Crianças –, quando 3.500 meninos, recrutados para lutar na Guerra do Paraguai, morreram na batalha de Acosta Ñu. De dezembro de 1864 a março de 1870, os exércitos da Tríplice Aliança – Brasil, Argentina e Uruguai – combateram as forças paraguaias.

Após atacar o Brasil e invadir a província do Mato Grosso, o mariscal Solano López enfrentou uma enorme sucessão de batalhas em seu próprio território. Embora inferior às forças da Tríplice Aliança, o exército paraguaio obteve muitas vitórias. Contudo, após cinco anos de conflitos ininterruptos, a guerra já estava perdida para o Paraguai.

A determinação insana do líder paraguaio transformou o Paraguai em ruínas e estima-se que 75% de sua população tenha perecido ao longo do conflito, nas frentes de batalha, no fogo cruzado ou devido à fome e pandemias que se espalhavam incontrolavelmente.

Derrota e humilhação se tornaram a herança do aguerrido López. Mas incumbia ao ditador, que prometera “morrer lutando”, um último sacrifício aos sanguinários deuses da guerra.

Posteriormente à tomada de Assunção, em janeiro de 1869, Caxias retornou ao Brasil, como também o fizeram os contingentes uruguaios e argentinos. Assumia a liderança das tropas brasileiras, Gastão de Orléans, o Conde D’Eu, consorte da Princesa Isabel e um dos personagens mais contraditórios da Guerra do Paraguai.

Entre muitos sucessos no front, o Conde D’Eu foi o responsável por escrever alguns dos mais vergonhosos capítulos da guerra.

Gaston de Orleans, o Conde D'Eu / Crédito: Wikimedia Commons

O mariscal Solano López já não dispunha de número suficiente de homens treinados para manter os combates, que se intensificavam em todas as linhas. Nesse período, idosos, mulheres e crianças estavam sendo recrutadas, porque a artilharia de coalizão já havia dizimado os contingentes formados por soldados adultos.

Na Batalha de Acosta Ñu, López colocou adolescentes e também crianças de 6 a 8 anos, disfarçadas com barbas postiças, atrás das trincheiras. De longe, os soldados brasileiros viam soldados paraguaios adultos e atacaram brutalmente. O combate durou mais de seis horas. Mães auxiliavam no enfrentamento levando paus e pedras às crianças.

No clímax da luta, durante a tomada das trincheiras, assustadas, as crianças menores se agarravam às pernas dos soldados brasileiros e imploravam chorando para que não as matassem. Não houve piedade. Cerca de 3.500 infantes foram chacinados por 20 mil soldados profissionais.

Finda a batalha, quase anoitecendo, as mães saíam das matas em derredor para resgatar os cadáveres de seus filhos e socorrer as crianças feridas. O Conde D’Eu ordenou, então, que fossem incendiadas todas as casas. A determinação era matar “até mesmo o feto no ventre da mãe”.


M.R. Terci é escritor e roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela Editora Pandorga.


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