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Casos de suicídio assistido na classe baixa provocam controvérsia no Canadá

Repercussões negativas vieram após pessoas de condições financeiras precárias solicitarem o procedimento

Redação Publicado em 11/05/2022, às 13h51

A ocorrência de dois casos recentes, o primeiro em fevereiro e o seguinte agora em maio, de mulheres em situações semelhantes solicitando o suicídio assistido gerou polêmica no Canadá.

Em ambas as ocasiões, as pacientes possuíam Sensibilidade Química Múltipla (SQM), uma doença crônica que leva aqueles que sofrem com ela a experienciarem uma série de sintomas alérgicos que podem ir desde dores de cabeça e náuseas até choques anafiláticos, conforme repercutido pelo The Guardian. 

As reações se manifestam quando essas pessoas entram em contato com substâncias comuns do dia a dia, como produtos de limpeza, aditivos colocados em alimentos, fumaça de cigarro e outros, o que pode ser extremamente debilitante para o indivíduo.

O outro detalhe a respeito das duas canadenses que lutavam com a enfermidade é que elas possuíam condições econômicas precárias que as impediam de obter uma moradia.

Após fazerem inúmeras tentativas de resolverem o problema, porém sem sucesso, elas enfim optaram pelo suicídio assistido. O caso mais recente é o de uma mulher identificada como "Denise", um nome falso usado para proteger seu anonimato. 

Sem ajuda para viver

A canadense relatou que, por ser incapacitada de trabalhar, sua única fonte de renda é o Programa de Apoio à Deficiência de Ontário. O auxílio, contudo, é pequeno, e configura Denise como alguém vivendo abaixo da linha da pobreza no território. 

Nos últimos seis meses, a mulher entrou em uma jornada em busca de um lugar para morar que não tivesse tanta exposição aos químicos aos quais ela é alérgica. A paciente entrou em contato com mais de 10 agências imobiliárias diferentes, mas nenhuma residência estava dentro do que podia pagar. 

Eu me inscrevi para o MAID (nome da lei que regula a morte com assistência médica) essencialmente... por causa da pobreza", concluiu a canadense em entrevista à CTV News. 

"Nenhuma delas [das agências] foi capaz de fazer nada significativo em termos de realocação, de obtenção da emergência discricionária ou moradia temporária e fundos de emergência", relatou. 

O suicídio assistido, por outro lado, teria se mostrado um processo mais fácil, uma vez que ela o havia solicitado havia pouco, e já estava na reta final da documentação necessária. 

A trágica situação da mulher, que, antes de desenvolver a doença, trabalhava como maquiadora, sendo então capaz de se sustentar, levou ao surgimento de críticas. 

Ainda de acordo com o The Guardian, alguns veículos de imprensa, como o Spectator, chegaram a sugerir que o Canadá estava simplesmente "se livrando dos pobres" com a combinação de não fornecer recursos para que eles vivam, mas permitindo sua morte.

A perspectiva, é claro, também tem seus próprios críticos, que a consideram muito simplista para explicar problemas que permeiam todo o sistema de saúde canadense. Jocelyn Downie, professora de direito entrevistada pelo portal, afirma que foco da questão não deve ser a lei do suicídio assistido em si: 

"A realidade é que é um pequeno número de pessoas que se qualificam para MAID. Já os investimentos em recursos de saúde mental e deficiência iriam longe para ajudar muito mais pessoas a viverem suas vidas", concluiu ela. 
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