Fotografia de múmia encontrada com 'cola' de piolhos na Argentina - Universidade Nacional de San Juan
Arqueologia

Cientistas encontram DNA preservado em 'cola' de piolhos

Segundo os estudiosos, a curiosa substância foi encontrada em amostras de cabelos de múmias de 2 mil anos. Entenda!

Pamela Malva Publicado em 29/12/2021, às 16h00

Na última terça-feira, 28, a bióloga Alejandra Perotti e sua equipe publicaram um inusitado estudo na revista Molecular Biology and Evolution. Analisando amostras de cabelos de múmias de 2 mil anos, os estudiosos descobriram que uma substância produzida por piolhos é capaz de preservar o DNA humano por séculos.

Tudo começou com duas múmias encontradas nas Cavernas Calingasta e na alta Cordilheira dos Andes, na atual província de San Juan, Argentina. Nelas, foram encontrados vestígios de piolhos e de uma espécie de ‘cola’ criada pelos insetos para grudar seus ovos no couro cabeludo dos indivíduos.

Bastante resistente, a substância é capaz de preservar tudo que ela envolve. Dessa forma, ao deixarem seus ovos nas cabeças das múmias, os piolhos ainda capturaram células das peles dos humanos, mantendo seus materiais genéticos protegidos.

Uma vez diante do inusitado achado, os cientistas sequenciaram os genomas das células encontradas e descobriram que, ao contrário do esperado, as duas múmias vieram de florestas tropicais no sul da Venezuela e da Colômbia.

Ainda mais, os pesquisadores ficaram animados com a descoberta porque representa uma técnica muito menos invasiva do que outros métodos de captação de DNA — como a quebra de ossos. Isso pode abrir diversas portas para o estudo de amostras humanas.

Podemos estudar milhares de anos da história natural e evolutiva dos hospedeiros e dos piolhos apenas examinando o DNA preso no cimento”, explicou Alejandra Perotti, da University of Reading.
Amostra de 'cola' de piolho em fio de cabelo / Crédito: Universidade de Reading

 

Outras descobertas

Muito além da origem das múmias, a análise de seu DNA ainda revelou ligações genéticas entre tais indivíduos e os habitantes da Amazônia há 2 mil anos. Com isso, os cientistas puderam recriar mais alguns fragmentos da pré-história sul-americana — que é bastante complicada na Argentina, já que muitos grupos indígenas passaram por lá.

Ainda mais, a própria diposição dos ovos dos piolhos nos fios de cabelo revelou que, na região onde as múmias foram encontradas, os humanos provavelmente eram expostos a muito frio. Tais condições, inclusive, podem ter cooperado para seu ótimo grau de preservação — e possivelmente para as próprias mortes dos indivíduos estudados.

Por fim, além do DNA humano, a ‘cola’ dos piolhos ainda preservou amostras de várias cepas de bactérias e as primeiras evidências do poliomavírus da célula de Merkel. Encontrado inicialmente em 2008, esse vírus pode causar câncer de pele e, agora, os pesquisadores acreditam que tenha sido disseminado pelos piolhos.

“Os piolhos humanos nos ensinaram muito sobre nossa história, desde o contato com hominídeos arcaicos até quando os humanos começaram a usar roupas”, explicou Reed. “Parece que os piolhos ainda têm mais a dizer sobre a nossa história.”

Argentina arqueologia pesquisa América do Sul estudo notícia DNA piolho

Leia também

Príncipe Harry e rei Charles não se encontrarão em Londres


Mãe de Isabella reage à liberdade de Alexandre Nardoni: ‘Lamentável’


Equipes de buscas encontram corpo de última vítima de desabamento de ponte nos EUA


Brasileira nos EUA viraliza ao mostrar itens que são jogados fora pelos americanos


Mulher que vive em McDonald's no Leblon lança campanha de arrecadação online


Meghan e Harry comemoram aniversário de príncipe Archie com festa íntima