Vestígios de ritual aborígene - Divulgação/Monash University
Ritual aborígene

Escavações revelam vestígio de ritual aborígene de 12 mil anos em caverna australiana

De acordo com estudo publicado na revista Nature Human Behavior, ritual de cura teria sido transmitido por mais de 500 gerações entre povos aborígenes

Giovanna Gomes Publicado em 02/07/2024, às 12h23

Uma equipe de pesquisadores encontrou em uma caverna na Austrália os vestígios de um ritual de cura de 12 mil anos atrás, transmitido por mais de 500 gerações entre os povos aborígenes, de acordo com um estudo publicado na revista Nature Human Behavior na última segunda-feira, 1.

A descoberta ocorreu na Caverna Cloggs, localizada no sopé dos Alpes Vitorianos, uma cordilheira no sudeste do país, em território aborígene do povo Gunaikurnai.

Embora as primeiras escavações no local tenham sido realizadas ainda na década de 1970, os Gunaikurnai não chegaram a participar do processo. No ano de 2020, porém, novas escavações foram realizadas, desta vez lideradas pela comunidade aborígene local, representada pela associação GLaWAC (Gunaikurnai Land and Waters Aboriginal Corporation).

Vestígios

De acordo com a agência de notícias AFP, foram descobertas na caverna duas varas de madeira bem conservadas, com 11 mil e 12 mil anos, respectivamente. Ambas foram levemente queimadas e encontradas nas cinzas de uma lareira do tamanho de uma palma, considerada pequena demais para aquecer ou cozinhar carne.

Os pesquisadores destacam que as pontas dos gravetos foram cortadas para colocá-los verticalmente no fogo e cobri-los com gordura animal ou humana.

Além disso, vale destacar que as investigações revelaram a existência de rituais praticados pelos “mulla-mullung”, como são chamados os curandeiros dos Gunaikurnai.

Durante essas cerimônias, os mulla-mullung utilizavam varas semelhantes às encontradas na Caverna Cloggs, feitas da mesma madeira de casuarina e também cobertas de gordura humana ou de canguru, para manter o fogo durante o ritual.

Esse ritual ainda era praticado no século XIX em locais remotos, segundo observações do etnógrafo Alfred Howitt, indicando que foi transmitido por 12 mil anos ao longo de mais de 500 gerações.

+ Confira aqui o estudo completo.

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