Paciente que recebeu o implante de eletrodo no cérebro - Divulgação/Youtube/Wyss Center for Bio and Neuroengineering
Ciência

O paciente com paralisia que consegue se comunicar com implante de eletrodo no cérebro

A operação bem-sucedida permitiu que o homem conversasse por meio uma interface cérebro-computador implantada

Isabela Barreiros Publicado em 29/03/2022, às 15h25

Uma operação que instalou um implante de eletrodo no cérebro de um paciente de 30 anos com esclerose lateral amiotrófica, doença neurodegenerativa que o deixou totalmente paralisado, permitiu que o homem conseguisse se comunicar novamente.

Segundo o estudo, publicado na revista científica Nature Communications, o procedimento de implante de dois conjuntos de microeletrodos no córtex motor do indivíduo, que perdeu a capacidade de falar e se movimentar, foi realizado após mais de dois anos de estudo clínico.

“Este estudo responde a uma pergunta de longa data sobre se as pessoas com síndrome de encarceramento completo (CLIS) — que perderam todo o controle muscular voluntário, incluindo o movimento dos olhos ou da boca — também perdem a capacidade do cérebro de gerar comandos para comunicação”, explicou Jonas Zimmermann, um dos principais autores do estudo, em nota.

Microeletrodos de 3,2 mm usados na operação / Crédito: Divulgação/Youtube/Wyss Center for Bio and Neuroengineering

 

A partir da operação, feita por cientistas do Wyss Center for Bio and Neuroengineering, na Suíça, em parceria com a Universidade de Tübingen, na Alemanha, o paciente conseguiu conversar por meio de uma interface cérebro-computador implantada (BCI na sigla em inglês).

Zimmermann relatou que “a comunicação bem-sucedida foi demonstrada anteriormente com BCIs em indivíduos com paralisia”. “Mas, até onde sabemos, o nosso é o primeiro estudo a alcançar a comunicação por alguém que não tem movimento voluntário remanescente e, portanto, para quem o BCI é agora o único meio de comunicação”, destacou.

O monitor de interface cérebro-computador / Crédito: Divulgação/Youtube/Wyss Center for Bio and Neuroengineering

 

O aparato funciona da seguinte maneira: os sinais cerebrais do paciente são captados pelos microeletrodos e, então, decodificados por modelo de aprendizado de máquina em tempo real. Assim, os sinais são mapeados pelo modelo a fim de entender a resposta para determinado comando, que pode ser “sim” ou “não”.

Para entender o que o homem quer dizer, há um programa soletrador que lê as letras do alfabeto em voz alta e, enquanto isso, o indivíduo pode escolher “sim” ou “não” para aceitar ou recusar cada uma delas, podendo criar palavras e frases inteiras, como reportou a revista Galileu.

O sistema desenvolvido pelos pesquisadores é bastante eficiente e pode ser usado em casa por familiares e cuidadores. A expectativa é que o aparato seja melhorado e ajude outros pacientes com esclerose lateral amiotrófica, uma doença que poderá afetar mais de 300 mil pessoas no mundo até 2040.

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