Representação de neandertal - Wikimedia Commons/Neanderthal-Museum
Vírus

Pesquisador encontra vírus humanos mais antigos em neandertal de 50 mil anos

Estudo publicado recentemente analisou material genético de neandertais e revelou vestígios de DNA dos vírus humanos mais antigos já encontrados

Giovanna Gomes Publicado em 06/06/2024, às 07h22

O biólogo Marcelo Briones, do Centro de Bioinformática Médica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), identificou espécies virais em ossos de neandertais que viveram há mais de 50 mil anos. Seu estudo, publicado em 27 de maio no periódico Viruses, analisou material genético das amostras e revelou vestígios de DNA de herpesvírus, adenovírus e papilomavírus, tornando esses os vírus humanos mais antigos já encontrados. Estes vírus são conhecidos por causar infecções persistentes.

Em 2010, um estudo publicado no periódico Medical Hypotheses sugeriu que tais vírus poderiam ter contribuído para a extinção dos neandertais, possivelmente transmitidos pelos Homo sapiens que migraram da África para a Europa há cerca de 80 mil anos, carregando patógenos para os quais os neandertais não tinham imunidade.

Os pesquisadores especularam que o herpesvírus, entre outros, poderia ter sido um desses patógenos, potencialmente afetando a eficiência reprodutiva dos neandertais.

Para confirmar se esses vírus infectaram os neandertais, seria necessário encontrar seus genomas nos restos mortais. Foi isso que Briones fez, baixando sequências de DNA viral do banco de dados Sequence Read Archive (SRA) do Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia (NCBI), nos EUA. De acordo com o portal Galileu, as amostras vieram de dois neandertais que viveram na caverna Chagyrskaya, na Sibéria, infectados simultaneamente por herpesvírus, adenovírus e papilomavírus.

O herpesvírus pode causar herpes labial; o adenovírus, sintomas de resfriado; e o papilomavírus, verrugas genitais e câncer. Os cientistas buscaram vestígios desses vírus nas sequências do genoma antigo. O sequenciamento determina a ordem das bases nitrogenadas no DNA, utilizando as letras A (adenina), C (citosina), T (timina) e G (guanina).

A Sequence Taxonomic Analysis Tool (STAT), do NCBI, ajudou a identificar a taxonomia das sequências e analisar metadados de sequenciamento genômico, detectando contaminantes. As sequências virais antigas foram comparadas com vírus atuais, eliminando a possibilidade de contaminação recente dos ossos.

Recriar os vírus

Os pesquisadores planejam recriar esses vírus antigos em laboratório para estudar seu impacto nos humanos antigos. No entanto, especialistas como Sally Wasef, da Universidade de Tecnologia de Queensland, alertam sobre os desafios dessa tarefa, dada a complexidade de reconstruir genomas virais completos e entender as interações entre vírus e hospedeiro em ambientes antigos.

Briones brincou: "Vamos fazer um Jurassic Park de vírus", destacando o potencial revolucionário dessa pesquisa.

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