Obra de arte foi alvo de vandalismo na Catedral de Linz, na Áustria, trazendo a tona debate sobre liberdade artística e religião
Gabriel Marin de Oliveira Publicado em 02/07/2024, às 17h59 - Atualizado em 03/07/2024, às 19h41
A escultura da Virgem Maria dando à luz Jesus, disponível na Catedral de Santa Maria em Linz, na Áustria, foi vandalizada na última segunda-feira, 1º.
O episódio ocorreu em meio a uma instalação de arte que tem como objetivo explorar os papéis femininos, imagens familiares e igualdade de gênero, segundo comunicado da diocese de Linz.
A obra, que atraiu críticas de fiéis católicos por ser considerada blasfêmia, teve a cabeça removida. A identidade dos vândalos permanece desconhecida, no entanto, Alexander Tschugguel, um católico tradicionalista austríaco, afirmou ter sido contatado pelos responsáveis e elogiou o ato em suas redes sociais. Segundo a declaração, tentativas de diálogo com a diocese sobre a peça foram ignoradas, levando à ação extrema.
A escultura, exibida em um pedestal no meio da catedral, representava Maria sentada em uma pedra, em referência ao presépio durante o parto de Jesus.
A exposição, que pretendia provocar debate sobre temas contemporâneos e históricos, agora se vê no centro de uma intensa discussão sobre os limites da arte e do respeito às crenças religiosas.
Johann Hintermaier, vigário episcopal para educação, arte e cultura na diocese de Linz, condenou fortemente o vandalismo. "Lamentamos se ferimos os sentimentos religiosos das pessoas, mas condeno fortemente este ato violento de destruição, a recusa em dialogar e o ataque à liberdade da arte", afirmou em comunicado.
Segundo o The Guardian, a artista Esther Strauss, criadora da escultura, expressou indignação com o ato. "A maioria dos retratos da Virgem Maria foi feita por homens, portanto, muitas vezes serviu a interesses patriarcais", disse Strauss, defendendo sua obra como uma recuperação do corpo de Maria.
"Quem removeu a cabeça da escultura foi muito brutal. Para mim, essa violência é uma expressão do fato de que ainda há pessoas que questionam o direito das mulheres aos seus próprios corpos. Temos que tomar uma posição muito firme contra isso", afirmou ela.
*Sob supervisão;
