Embarcação foi encontrada no ano de 1965 - Divulgação/Kyrenia Ship Excavations
Naufrágio

Pesquisadores determinam quando navio naufragou a partir de análise de amêndoas

Data de naufrágio grego na costa do Chipre pôde ser confirmada através de análise de amêndoas encontradas no interior da embarcação

Giovanna Gomes Publicado em 27/06/2024, às 09h30

Uma equipe de pesquisadores conseguiu confirmar a data de um naufrágio grego na costa do Chipre a partir de uma análise química das amêndoas que estavam na carga da embarcação. O estudo, publicado nesta quarta-feira, 26, na revista científica PLoS ONE, indica que o naufrágio ocorreu entre os anos 286 e 272 a.C., ou seja, há pelo menos 2.300 anos.

Descoberto em 1965, onaufrágio de Kyrenia foi o primeiro navio do período grego-helenístico encontrado com o casco praticamente intacto. A embarcação, com quase 15 metros de comprimento, tinha uma única vela quadrada e espaço para uma tripulação de até quatro pessoas.

Entre 1967 e 1969, arqueólogos catalogaram fragmentos de madeira, ossos (incluindo um pedaço do tornozelo de ovelha ou cabra), moedas e cerca de 400 ânforas recheadas de amêndoas.

Embora a datação por radiocarbono seja uma técnica comum para determinar a idade de vestígios arqueológicos, nem sempre os vestígios estão em estado de conservação adequado para essa técnica.

De acordo com o portal Galileu, no caso do naufrágio de Kyrenia, a madeira do navio foi tratada com polietilenoglicol (PEG) durante o século 20, uma substância derivada do petróleo usada para preservar a aparência das amostras. Esse tratamento contamina as amostras com carbono fóssil, tornando impossível a datação por radiocarbono.

“O PEG foi um método de conservação usado durante décadas. O problema é que é um derivado do petróleo”, disse o professor Sturt Manning, da Universidade Cornell, que liderou a descoberta. "Isso significa que, se há PEG na madeira, existe uma contaminação por carbono de origem fóssil que torna impossível a datação por radiocarbono”.

Novo método

As primeiras pesquisas focaram na análise de objetos de cerâmica e algumas moedas encontradas no interior do navio, sugerindo que o naufrágio ocorreu no final do século 4 a.C. No entanto, a combinação de novas técnicas de análise permitiu contornar o problema causado pelo PEG e estabelecer uma data mais precisa para o naufrágio.

A equipe de Manning, em parceria com pesquisadores da Universidade de Groningen, desenvolveu um método para limpar o polietilenoglicol (PEG) da madeira, removendo 99,9% da substância. Eles testaram a técnica em amostras de madeira da Roma antiga, confirmando a eficácia da remoção do PEG na identificação correta da idade das amostras usando radiocarbono.

Com a substância fora do caminho, os pesquisadores acessaram os troncos das árvores usadas na construção do navio Kyrenia. No entanto, a precisão da datação aumentou significativamente quando foram analisadas as amêndoas encontradas no barco, preservadas dentro dos jarros de cerâmica.

Utilizando a técnica de medição por radiocarbono e cruzando os resultados das amostras de madeira, foi possível determinar que o naufrágio ocorreu entre os anos 286 e 272 a.C., mais cedo do que se pensava anteriormente.

+ Confira aqui o estudo completo.

Naufrágio arqueologia Chipre navio radiocarbono Kyrenia amêndoas

Leia também

Relacionada a Espártaco? Muralha romana é descoberta na Itália


Vaticano é julgado em tribunal estrangeiro pela primeira vez, na Inglaterra


Arraia que chamou atenção por gravidez inusitada morre de doença rara


Com prolongamento de missão, autoridade nega que astronautas estejam presos no espaço


Mansão de Pelé no Guarujá pode ser leiloada para pagar dívida milionária


Warren Buffett deixará fortuna de R$ 720 bilhões para fundo de caridade, diz jornal