Vincent van Gogh - Wikimedia Commons
Personagem

Revolver usado na morte de Van Gogh é colocado a leilão

Até hoje, biógrafos debatem se a morte do pintor foi suicídio ou assassinato

Joseane Pereira e Wagner Barreira Publicado em 18/06/2019, às 09h24

Na próxima quarta (19), o revólver utilizado na morte de Van Gogh será colocado a leilão na França. Conhecido como "a arma mais famosa da história da arte", o objeto está avaliado entre 40 mil e 60 mil euros (R$ 173 mil e R$ 259 mil).

Um dos grandes artistas da História, mas que ao longo da vida não vendeu um único quadro, o holandês Vincent van Gogh ganhou fama de pintor deprimido e incompreendido. Em um ato de fúria, decepou a própria orelha. Vivia solitário e só conseguia se corresponder com seu irmão, Theo.

Suicídio vs assassinato

Em 1889, Vah Gogh foi internado no hospital de Saint-Remy para doentes mentais. Lá pintou paisagens, internos, pátios e médicos. Seus últimos quadros mostram fortes deformações da realidade. Seus trigais estão inquietos, os ciprestes trêmulos, as oliveiras retorcidas.

Em 27 de julho de 1890, após criar 70 quadros em poucas semanas, aparentemente Van Gogh saiu para o campo que havia pintado dias antes com um revólver na mão. Deu um tiro no próprio estômago e dois dias depois, aos 37 anos de idade, morreu. Nada mais natural que ele se suicidasse, vivendo na miséria e com surtos psicóticos, certo?

Ainda mais porque a principal fonte da informação sobre a morte foi o próprio Van Gogh. Para seu irmão, médicos e policiais, ele foi claro: "Não acusem ninguém. Eu queria me matar".  Mas para os biógrafos Steven Naifeh e Gregory White Smith, ambos ganhadores do prestigiado prêmio Pulitzer, a resposta não foi assim tão óbvia.

Revolver Lefaucheux, de calibre de 7 mm, utilizado na morte do pintor / Créditos: Reprodução

 

Segundo eles, Van Gogh pode ter sido assassinado. Os autores de Van Gogh, The Life acreditam que a história do suicídio tem falhas demais. "A versão que costuma ser aceita não faz sentido", afirma Smith. Van Gogh recebeu o tiro na barriga enquanto pintava em um campo de trigo. Ferido, teria caminhado por quase 2 km até chegar à pensão que ocupava na cidade.

"É difícil imaginar que naquela condição pudesse ter feito o caminho de volta sozinho", disse Naifeh. A bala atingiu o corpo do artista de um "ângulo improvável", ainda segundo os autores. E teria sido disparada a uma distância longa demais de seu corpo.

O artista teria sido baleado por dois garotos que o conheciam, um deles chamado Rene Secretan, que gostava de andar com uma pistola no cinto. Adulto, Secretan deu uma entrevista na qual confessou que a dupla acertou o pintor.

O crítico de arte John Rewald, citado no livro, teria ouvido rumores na cidade, na década de 1930, que dois rapazes balearam o artista por acidente. Para protegê-los, Van Gogh teria criado a história do suicídio. Na opinião do artista, dizem os biógrafos, os meninos haviam lhe prestado um favor.

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