Zona arqueológica de Palenque, em Chiapas, no México - Bluemardigrass via Wikimedia Commons
México

Violência de cartéis deixa ruínas maias inacessíveis no México

Governo confirmou que dois locais foram isolados de receberem visitas; "a qualquer momento pode começar um tiroteio", aponta guia turístico

Fabio Previdelli Publicado em 30/01/2024, às 10h19

Em decorrência da violência dos cartéis no México, diversas ruínas Maia estão sofrendo com inacessibilidade aos turistas, garantiu o governo do país ao citar a situação do estado de Chiapas. 

À Associated Press, as autoridades informaram que os visitantes já não podem mais chegar perto de dois locais populares da cultura Maia; há ruínas que seguem abertas, mas só são acessíveis passando por postos controlados por gangues. 

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A situação no estado mexicano se intensificou no último ano, o que afetou fortemente o turismo local — uma das principais fontes econômicas da região, que fica perto da fronteira com a Guatemala. 

Segundos as autoridades mexicanas, dois locais históricos foram isolados de receberem visitas: o primeiro é Yaxchilán, que sofre com a violência; já Tonina é palco de uma disputa de propriedade de terras.

Relatos dos guias 

Sob condição de anonimato, alguns guias turísticos comentaram as situações de segurança dos locais. De acordo com os relatos, homens armados costumam se alinhar na estrada para Bonampak — local maia famoso por seus murais.

Eles também explicaram que Lagartero, outro ponto turístico importante, está infestado de membros de cartéis que comandam postos de controle. Por lá, eles exigem que os visitantes entreguem seus documentos de identificação e seus celulares desbloqueados. 

"Eles exigem sua identificação para ver se você é um residente local", disse um guia. "Eles pegam seu celular e exigem sua senha, e então examinam suas conversas para ver se você pertence a alguma outra gangue". 

A qualquer momento, um grupo rival pode aparecer e começar um tiroteio", completou.

Na região, sabe-se que dois cartéis concorrem por seu domínio. Assim, existem postos de controle para que uns fiquem de olho nas atividades dos outros, segundo o New York Post.

O governo mexicano, porém, diz que os sítios arqueológicos são mais seguros e afirma que nenhum turista foi ferido nos locais. Mesmo assim, muitos guias turísticos não correm o risco e evitam ir até lá. As autoridades mexicanas também reagiram às alegações de violência perto de Lagartero e Bonampak, garantindo que ambas estavam abertas ao público.

"É falso, tendencioso e irresponsável dizer que estes sítios arqueológicos estão em perigo por causa dos traficantes de drogas", disse o Instituto Nacional de Antropologia e História, que alegou que "mantém o controle dos sítios".

Apesar disso, cerca de 5% das viagens reservadas para a região foram canceladas pelos turistas — o que pode afetar, eventualmente, a economia da região; que depende bastante do comércio turístico. 

"Tem comunidades que vendem artesanato, que disponibilizam hospedagem, passeios de barco, artesãos. Afeta muito a economia", disse um dos guias locais. "É preciso lembrar que este é um estado agrícola que não tem indústria, nem fábricas, por isso o turismo tornou-se uma alavanca econômica, uma das poucas fontes de trabalho".

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