Retrato de Renato Russo no clipe "Perfeição" - Divulgação/Youtube/LegiaoUrbanaVEVO
Personagem

26 anos sem Renato Russo, o Trovador Solitário

Em 1996, o país descobria que o artista lutava há seis anos contra a AIDS

Pamela Malva, atualizado por Wallacy Ferrari Publicado em 10/10/2021, às 00h00 - Atualizado em 11/10/2022, às 14h25

Na madrugada do dia 11 de outubro de 1996, um conjunto de enfermidades — doença pulmonar obstrutiva crônica, septicemia e infecção urinária — tiravam a vida de Renato Manfredini Júnior, popularmente conhecido como Renato Russo, compositor e vocalista da banda Legião Urbana, aos 36 anos.

Na noite do mesmo dia, a revelação da justificativa da morte precoce do ídolo foi feita em rede nacional no Jornal Nacional, da TV Globo, pelo médico pessoal do músico, Saul Bteshe, que o acompanhou em seus últimos meses; o cantor tinha AIDS há seis anos.

Porém, os meses que antecederam sua morte, marcados pelo isolamento voluntário em seu apartamento no Rio de Janeiro, destoavam de sua presença enérgica nos palcos, cativando milhares de fãs com letras sobre o cotidiano brasileiro em uma voz grave e marcante.

Onde tudo começou

Filho de um economista e de uma professora de inglês, Renato Manfredini Júnior nasceu em março de 1960, no Rio de Janeiro. Descendente de italianos e nordestinos, ele sempre mostrou interesse pelas artes e era um ótimo escritor.

Na escola, produzia redações de cair o queixo e, aos seis anos, mudou-se para Nova York junto com os pais. Em 1975, já de volta ao Brasil, o jovem de 15 anos enfrentou uma intensa fase de sua vida ao descobrir-se portador de uma doença óssea.

Com três pinos na bacia, Renato passou por toda a recuperação escutando sua enorme coleção de discos. Ao mesmo tempo, prestou vestibular para jornalismo e, assim, passou a estudar no Centro de Ensino Universitário de Brasília.

Álbum de estúdio de Renato Russo / Crédito: Wikimedia Commons

 

Contatos dignos de um artista

Aos 17 anos, Renato teve a oportunidade de conhecer o príncipe Charles, que visitava a nova sede da Cultura Inglesa no Brasil. No ano seguinte, revelou para a mãe que era bissexual e, com um inglês impecável, tornou-se professor da língua.

Naquele mesmo ano de 1978, conheceu Fê Lemos, com quem fundou a banda de punk Aborto Elétrico. Famoso por composições como "Que país é esse?" e "Veraneio Vascaína", o grupo acabou se separando, antes mesmo de serem lançados por uma gravadora.

Brevemente, o Trovador Solitário esteve acompanhado apenas por um violão de doze cordas, se apresentando sozinho. Mesmo assim, não demorou até que, ao lado de Marcelo Bonfá, Dado Villa-Lobos e Renato Rocha, ele formasse a icônica Legião Urbana.

Banda Legião Urbana / Crédito: Wikimedia Commons

 

Deus proclamado

Embora não gostasse muito de sua glorificação, Renato Russo logo começou a ser tratado como um deus por seus fãs mais fervorosos. Como líder da banda, o cantor finalmente atingiu o ápice de sua carreira e conquistou o país.

Inspirando-se nos nomes mais clássicos do pós-punk, o compositor usava suas frustrações para escrever algumas das letras mais famosas da Legião Urbana. Tendo enfrentado a Ditadura Militar, ele usava a música para se expressar.

Com ele, o Brasil aprendeu que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, já que nada é fácil de entender. Ainda mais, gerações passaram a se questionar: “Será que é tudo isso em vão? Será que vamos conseguir vencer?”

Brasil fora dos trilhos

Às 1h15 da madrugada do dia 11 de outubro de 1996, contudo, todas as lições ficaram suspensas quando a notícia da morte de Renato Russo se espalhou pelo país. Diagnosticado com AIDS, ele deixou, além de uma legião de fãs, um filho de 7 anos.

Apenas onze dias depois, embora tivessem vendido mais de 20 milhões de discos, Legião Urbana anunciou seu fim. As músicas continuaram a fazer parte da trilha sonora do país, mas as letras pareciam melancólicas sem Renato para cantá-las.

Tendo adotado “Russo” em nome de Bertrand Russell, Jean-Jacques Rousseau e Henri Rousseau, o cantor marcou a história da música brasileira. Em diversos momentos de sua carreira, ele foi um grito de esperança para "tirar toda essa gente que só faz sofrer".

Brasil História Música entretenimento Renato Russo Legião Urbana

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