Lida Baarova - Wikimedia Commons
Nazismo

Lida Baarova, a melancólica e intensa vida da amante de Joseph Goebbels

A principal amante do ministro nazista era uma atriz de sucesso, até o momento que Hitler decidiu arruinar a sua carreira

Alana Sousa Publicado em 04/02/2020, às 10h30

Em 1934, Lida Baarova já era a atriz mais famosa da Tchecoslováquia, até que seu estrelato atingiu o cenário internacional e ela foi contratada pela UFA, produtora de cinema alemão. Ela mudou-se para Berlim, em busca de sucesso.  Seu primeiro filme após receber um novo contrato foi Barcarole, lançado em 1935 e dirigido por Gerhard Lamprecht. Lida conseguiu comprar uma nova casa, sem saber que seu vizinho seria ninguém mesmo que Joseph Goebbels.

O ministro da propaganda nazista era casado na época, e Lida, estava se relacionando com Gustav Fröhlich, com quem já havia trabalhado. Goebbels controlava de perto quais obram seriam produzidas e distribuídas em território alemão, foi então que, em 1936, conheceu Baarova.

Lida Baarova e Gustav Fröhlich / Crédito: Wikimedia Commons

 

Morando na ilha de Schwanenwerder, o casal iniciou um relacionamento. O que era, no início, mais um caso extraconjugal na vida de Goebbels, logo se tornou em uma parceria fixa. Lida era a principal amante do nazista, e chegou, inclusive, a fazer aparições públicas ao lado dele.

Dois anos se passaram, foi quando, em 1938, Magda Goebbels decidiu tomar providências para destruir de vez a relação. Preocupada com seu casamento, a mulher foi conversar diretamente com Hitler, de quem era amiga próxima. O Führer considerou a situação insustentável, não seria possível que um de seus mais respeitados seguidores aparecesse com uma amante de origem tcheca ao seu lado.

Negando a autorização de divórcio para Magda, o ditador teve outra solução para o problema. Convocou Joseph e ordenou que ele colocasse um fim em seu caso amoroso — pedido que Goebbels aceitou sem hesitar. A partir desse momento, a vida de Lida mudou completamente, e o que era antes uma vida de sucesso, passaria a ser repleta de fugas, medo e decadência.

Os anos de sucesso chegaram ao fim

Após o fim do relacionamento com o ministro nazista, Lida decidiu voltar para Praga, onde morava no início da carreira, entretanto foi impedia por Hitler, que também delegou que a Gestapo seguisse a mulher incansavelmente.

Lida Baarova, Gustav Fröhlich e Joseph Goebbels / Crédito: Wikimedia Commons

 

Não só proibida de deixar a Alemanha, Baarova não podia mais atuar. Sua vida piorava a cada dia que passava, meses depois a atriz sofreu um colapso nervoso e foi internada em um manicômio. De lá, ela conseguiu fugir para Praga, mas por ser vista como uma traidora precisou deixar o local, escolheu a Itália como nova casa.

Na terra de Mussolini, Lida atuou em cinco filmes, até que a guerra terminou e, com medo, decidiu fugir novamente. Dessa vez, porém, foi capturada pelas tropas aliadas, que a acusaram de colaboração com o nazismo e fascismo. Sua sentença foi ser extraditada para seu país de origem, a Tchecoslováquia.

Os meses que se seguiram foram de intensos problemas, devido sua relação com Goebbels. A mãe de Lida foi levada para interrogatório, e rapidamente morreu, sua irmã cometeu suicídio, e ela, passou 18 meses presa, contudo, foi libertada por falta de provas.

Vida pós-guerra

Baarova casou-se novamente, mas se divorciou em pouco tempo. Decidiu recomeçar na Áustria, onde não foi bem recebida. Sua próxima parada foi a Argentina, Lida buscava um lugar que a aceitasse, aonde o sucesso seria, de novo, parte de sua vida.

Lida Baarova / Crédito: Wikimedia Commons

 

Na América do Sul, a atriz viveu em condições miseráveis, até que voltou para a Itália. Lá conseguiu estrelar alguns filmes que agradaram o público, como I Vitelloni (1953), do diretor Fellini. Ficou casada por três anos, até a morte do marido, Kurt Lundwall.

A vida já não era mais tão difícil, eventualmente ela encontrava papéis no cinema e no teatro. Lançou uma biografia em 1995, intitulada Bittersweet Memories de Lída Baarová, e foi premiada pelos críticos.

Viveu na Áustria com a doença de Parkinson até sua morte, em 2000. Apesar de ter conseguido, de certa forma, encontrar seu caminho, Lida nunca mostrou amargura ou arrependimento de ter amado Goebbels: “um homem charmoso e inteligente e um contador de histórias muito bom. Você poderia garantir que ele continuaria a divertir uma festa com seus pequenos elogios e piadas”.


+Saiba mais sobre Joseph Goebbels através das obras abaixo:

Joseph Goebbels: Uma Biografia, 2014, Peter Longerich - https://amzn.to/3759Rfc

Goebbels. Propaganda: Paul Joseph Goebbels. Biografia, foto, vida pessoal, 2018, Klim Max - https://amzn.to/3atYq30

Doutor Goebbels: Vida e morte, 2012, Roger Manvell e Heinrich Fraenkel - https://amzn.to/2TtMAQi

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.

Nazismo Alemanha Adolf Hitler História Joseph Goebbels atriz Lida Baarova

Leia também

Taj Mahal Palace: Alvo de um atentado terrorista, hotel virou campo de guerra


Atentado ao Hotel Taj Mahal: 5 coisas para saber sobre a história real do filme


O Caso Asunta: Veja a verdadeira história por trás da série da Netflix


Bebê Rena: Veja 5 diferenças entre a série e a história real


O Caso Asunta: O que aconteceu com os pais de Asunta Basterra Porto


O que aconteceu com a McLaren que Senna ganhou em aposta?