Pintura da execução de Jane Grey - Wikimedia Commons
Idade Moderna

Jane Grey: a trágica história da rainha que comandou a Inglaterra por 9 dias

Conheça o curto reinado da monarca que foi executada por ordens de Mary Tudor

Redação AH Publicado em 30/01/2020, às 08h00

Em 10 de julho de 1553, Jane Grey recebeu a notícia de que era rainha da Inglaterra. Seu primo, o jovem rei Eduardo VI, nascido no mesmo ano que ela e morto aos 15, a havia apontado como sucessora.

Era tudo uma manobra de John Dudley, o duque de Northumberland, que atuava como regente para o falecido adolescente. Seu plano era evitar que o trono passasse a uma católica, Mary Tudor.

Dudley era sogro de Lady Jane, casada aos 12 anos com seu filho Guildford, que tinha a mesma idade. O reinado de Jane duraria exatamente nove dias, tempo para Mary juntar tropas e seguidores e depor a rainha adolescente, acusada, com seu marido e sogro, de alta traição. Julgada e condenada, Jane permaneceu presa na Torre de Londres, aguardando perdão.

O duque foi executado no mesmo ano, mas Mary estava disposta a perdoar os jovens. Seria assim não fosse pelo pai de Jane, Henry Grey, que participou de uma revolta anticatólica enquanto a filha estava presa. Isso selou o destino da nobre e de seu marido, decapitados no mesmo dia, 12 de fevereiro de 1554, aos 16 anos de idade.

Retrato de Jane Grey, por artista desconhecido / Crédto: Wikimedia Commons

 

Privilégio da nobreza

A Torre de Londres não era uma prisão no sentido moderno da coisa. Era um castelo, e seus nobres prisioneiros ficavam em quartos comuns e confortáveis, não masmorras. Podiam até redecorar os aposentos e contavam com serviçais. Lady Jane tinha duas - uma das quais sua ama de infância. Seu último gesto antes de se entregar ao carrasco foi dar seu lenço às duas. 

Pelas leis britânicas da época, a punição para alta traição era o enforcamento e esquartejamento. Mas nobres, particularmente a realeza, estavam isentos disso. A decapitação, que é instantânea, era considerada um grande privilégio. O machado usado na execução era feito especialmente para esse propósito, mais pesado que os objetos de guerra, para garantir um corte limpo e rápido.

No castelo, prisioneiros eram mortos ao ar livre, diante de testemunhas, num lugar chamado Tower Green.  No dia da execução, Lady Jane manteve a compostura, declarando sua inocência e dando seu perdão ao carrasco. Até a hora em que colocou a venda sobre seus próprios olhos e se perdeu, tentando achar o bloco de decapitação com as mãos. A jovem então entrou em pânico e caiu em prantos, gritando "Onde está? O que eu faço?"

John Brydges, o barão de Chandos, era o tenente da Torre de Londres, responsável pelos prisioneiros. Ele ajudou Lady Jane a pôr o pescoço sobre o bloco de execução. Ela então proferiu suas últimas palavras: "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito" - as mesmas que Jesus teria dito na cruz, segundo o Evangelho de Lucas. E veio o machado. 

No século 19, a Rainha Vitória resolveu homenagear os mortos marcando com um pavimento em granito o local exato, dando origem a um memorial que está lá até hoje. 


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