Retrato fotográfico de Terri Hoffman - Arquivo Pessoal
Personagem

Morte em nome de quantias milionárias: a absurda saga de Terri Hoffman

Com quantias milionárias, o envolvimento da líder espiritual nos óbitos é um mistério com suspeitas de lavagem cerebral e hipnose

Wallacy Ferrari Publicado em 21/06/2020, às 09h00

Nascida em 1938, Terri Lee Hoffman demonstrava interesse na psiquiatria alternativa desde a infância, porém, após o seu processo de divórcio com o primeiro marido, o caminhoneiro John Wilder, a jovem passou a estudar meditação, metafísica, conceitos de programação neurolinguística e hipnotismo. 

No final da década de 1960, decidiu compartilhar seus conhecimentos obtidos ao longo de décadas com grupo de pessoas interessadas, formando a organização Conscious Development of Body Mind and Soul (Desenvolvimento Consciente do Corpo, Mente e Alma, em inglês), realizando consultas individuais.

Em 1974, a organização se tornou uma instituição parceira de outra organização criada por Terri, a CD Gems, responsável pela espiritualização de objetos, sendo normalmente joias caras transformadas em amuletos protetores. Com dezenas de seguidores, a moça era mestre em um culto próprio.

Mortes trágicas

A partir da segunda metade da década de 1970, diversos acontecimentos estranhos foram atribuídos a líder espiritual. Em 1977, seu segundo marido, Glenn Cooley, foi encontrado morto diante de uma overdose de remédios, 6 dias após a conclusão de seu processo de divórcio. O testamento deixado pelo homem atribuiu a todos os seus bens a ex-mulher.

Terri, de vestido amarelo no canto superior direito, reunida com seguidores / Crédito: Divulgação

 

Dois anos depois, a tesoureira do culto, Sandy Cleaver, estava de férias com a filha Susan, quando a criança de 14 anos morreu afogada enquanto praticava rafting. Sua poupança para a faculdade acumulava US$ 125 mil e foi inteiramente doada ao culto de Terri. Em 1981, Sandy decidiu atirar seu carro contra um penhasco, junto de sua empregada. Apólice do seguro de vida da tesoureira atribuía o resgate de US$ 300 mil unicamente para a líder.

O terceiro marido, Don Hoffman, com quem a líder espiritual casou-se seis meses após o falecimento de Glenn, foi descoberto morto em 1988, vítima de uma intoxicação por drogas mistas. Em um bloco de notas encontrado na sua residência, Don afirmava que sofria de um câncer terminal e que precisava reafirmar sua conexão divina após a orientação da companheira. O câncer, atribuído aos "senhores negros" por Terri, não foi identificado na autópsia. 

Quatro dias depois da morte de Don, a ex-seguidora Jill Bounds foi encontrada espancada até a morte em sua residência. Em 1989, o casal de seguidores Glenda e David Goodman foi encontrados mortos em um suicídio duplo ritualístico, meses após Terri orientar os mesmos a praticarem tiro como uma instrução divina.

Investigações sobre Terri

Após a notícia da morte do casal Goodman, o escritório do procurador-geral do distrito de Dallas iniciou uma investigação em janeiro de 1990, porém, o promotor assistente Cecil Emerson afirmou que não foi possível concluir-se as provas realmente se caracterizam como criminosas, alegando que seria difícil determinar se o controle da mente de maneira voluntária poderia ser um fator ligado a um assassinato, encerrando o caso quatro anos depois.

Em 1994, no entanto, Terri foi condenada a 16 meses de prisão por acusações de fraude, declarando falência apesar de espalhar seus bens milionários entre os restantes seguidores, sendo solta no ano seguinte. Em seus últimos anos de vida, mudou o nome para Terri Lilya Keanely e criou um site onde vendia imagens em porta-retratos, alegando que os produtos eram diretamente ligados ao plano espiritual. Morreu em 2015, aos 77 anos.


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