Um dos escritores mais importantes do Brasil, Ziraldo, que faleceu neste sábado (6), teve uma vida repleta de momentos curiosos
Os brasileiros receberam uma triste notícia neste sábado, 6. Aos 91 anos, faleceu Ziraldo, o icônico desenhista responsável pela criação de “O Menino Maluquinho”.
O falecimento do escritor foi informado neste sábado por familiares. De acordo com o g1, Ziraldo morreu dormindo em sua residência, localizada no Rio de Janeiro.
Responsável por clássicos da literatura infantojuvenil, como "A Turma do Pererê" e "O Bichinho da Maçã", o artista costumava dizer que "Ler é mais importante que estudar".
"Ainda estamos lendo por dever - as crianças - e não por prazer. Temos de avisar aos professores: ninguém tem de tirar nota boa porque lê, ninguém tem de ser premiado porque lê. Ler já é o prêmio. Gostar de ler, a distinção", afirmou o escritor durante entrevista ao Estadão, em 2012.
Ao longo de seus 90 anos de vida, ele sempre compartilhou curiosidades durante entrevistas, que você relembra abaixo!
Durante entrevista ao Dentro da História, o cartunista relembrou sua infância no interior de Minas Gerais. Sem televisão, ele encontrou diversão nos quadrinhos.
"Não tinha televisão. Eu mal tinha conhecimento do mundo, a não ser através das histórias em quadrinhos. Eu lia muito mais quadrinhos do que livros na infância", afirmou ele. "Meus amigos não eram exatamente a rapaziada do Sítio do Picapau Amarelo. Meus amigos eram o Batman, O Super-Homem, O Capitão América. Esse pessoal é que povoou a minha vida".
Sem dúvidas, um dos personagens mais conhecidos de Ziraldo é aquele presente em 'O Menino Maluquinho'. Lançado em 1980, o garotinho ainda é capaz de fascinar diferentes gerações, algo seu criador não imaginava.
"Quando lancei o livro, eu não tinha a menor ideia de que ele teria tamanha repercussão, que um dia teria toda essa história que construiu. Acredito que o Maluquinho teve tamanho alcance nesses anos todos por despertar identificação nos leitores", afirmou ele ao Dentro da História. "As crianças leem a história e se identificam com o personagem, sentindo algo como: 'Opa, isso é comigo!', 'Eu sei o que ele está sentindo', 'É isso que eu sinto!'".
Durante entrevista ao Bigorna, Ziraldo respondeu se já se identificou mais com algum de seus personagens. A resposta foi um tanto curiosa.
"Meus personagens, em sua maioria, são o que em literatura se chama de um compósito. Não há uma mulher igual à Professora Maluquinha, por exemplo, assim como não existe um menino exatamente igual ao Menino Maluquinho. São figuras literárias. E literatura é uma espécie de imitação da vida. Quanto melhor a imitação, melhor a literatura. Os dois, apenas como exemplo, foram criados na base de 'uma porção de coisas que eu sei deles", afirmou ele. "As histórias da Professora Maluquinha, por exemplo, são, na sua maioria, verdadeiras. Cada uma delas acontecida com um professor ou professora diferente. Criei um montão de personagens, mas sou mesmo parecido é com a Supermãe, com certeza! Eu sou a verdadeira Supermãe, tenho muito dela ou ela de mim, como preferir".
Perseguido pela ditadura militar após a publicação do AI-5, o escritor foi preso em três diferentes ocasiões. Ele se tornou alvo dos militares com a criação do periódico "O Pasquim", que pisava nos calos do regime.
Após o período, ele foi indenizado em R$ 1 milhão em 2008 e recebeu uma pensão vitalícia de aproximadamente R$ 4 mil. Criticado por ser anistiado, foi direto a respeito dos comentários.
“Eu quero que morra quem está me criticando. Porque é tudo cagão e não botou o dedo na seringa. Enquanto eu estava xingando o [João] Figueiredo [último presidente da ditadura] e fazendo charge contra todo mundo, eles estavam servindo à ditadura e tomando cafezinho com o Golbery [do Couto e Silva, um dos idealizadores do golpe com atuação firme no regime]. Então, qualquer crítica que se fizer em relação ao que está acontecendo conosco eu estou me lixando”, afirmou ele ao O Globo na época.
Em 1969, o desenhista lançou 'Flicts', um de seus trabalhos mais elogiados. Na história, ele narra a saga de uma cor que se sente excluída quando se compara a outras. Assim, ela embarca numa viagem para encontrar seu verdadeiro lugar.
O livro ganhou uma versão em inglês entregue para Neil Armstrong, primeiro homem a pisar na lua. Ele não só elogiou o escritor, como também confirmou que 'Flicts' é a cor da lua.
Ao conversar com o Dentro da História, Ziraldo revelou que, se pudesse ser um personagem, escolheria Robinson Crusoé.
"Se pudesse virar um personagem, eu seria o Robinson Crusoé. Fiquei muito encantado com esse personagem quando era menino", afirmou ele.
