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Notícias / Arqueologia

Casa perdida de 'rei' africano escravizado é descoberta nos Estados Unidos

"Rei" Pompeu foi um homem africano escravizado nos EUA no século 18, e um dos primeiros proprietários de terra negros da Nova Inglaterra, após ser liberto

Fotografia tirada durante as escavações dos que pode ser os restos da casa do "rei" Pompeu - Divulgação/Northeastern University/Matthew Modoono
Fotografia tirada durante as escavações dos que pode ser os restos da casa do "rei" Pompeu - Divulgação/Northeastern University/Matthew Modoono

Recentemente, arqueólogos americanos descobriram as fundações do que pode ter sido a casa do "rei" Pompeu. Ele foi um homem originário da África Ocidental, possivelmente da realeza africana, que foi escravizado em Massachusetts no século 18 e, quando liberto, foi um dos primeiros proprietários de terra negros da Nova Inglaterra colonial.

Com a descoberta, segundo o Live Science, pesquisadores podem entender melhor o histórico festival conhecido como Dia da Eleição Negra, em que homens negros ex-escravizados votavam em seu próprio líder. Este, por sua vez, era responsável por aplicar leis e mediar disputas com a comunidade branca.

Uma característica marcante da região da Nova Inglaterra, conhecida pelo passado colonial, é que algumas das pessoas traficadas como escravos para lá no início do século 18 eram de herança da realeza africana. E em pelo menos quatro colônias — de Massachusetts, Connecticut, Rhode Island e New Hampshire —, os escravizados seguiram mantendo antigos costumes, elegendo um líder que seria o "rei" ou "governador".

Um desses líderes, Pompeu, é conhecido por uma série de relatos históricos, tendo sediado eventos no Dia da Eleição Negra em sua própria propriedade, que se sabe que era nas margens do Rio Saugus, ao norte de Boston.

Vale mencionar que não se sabe exatamente quando Pompeu foi eleito rei, mas ele aparentemente serviu essa função mais de uma vez ao longo da década de 1750. Já o Dia da Eleição Negra ocorria no mesmo dia em que homens proprietários de terra brancos eram eleitos nas colônias, e os negros se reuniam para não só eleger seus líderes, mas também manter laços entre si e preservar a herança cultural africana.

Esse festival, inclusive, as vezes durava até uma semana inteira. Nele, havia música, dança, canto e jogos, e os participantes vestiam roupas da moda naquela época — quase sempre imitando as roupas dos brancos —, realizavam desfiles e comiam comidas específicas e tradicionais, como pão de gengibre.

Mesmo que o rei Pompeu fosse um líder estimado na comunidade negra, "sua casa e propriedade sempre foram um mistério", segundo a historiadora Kabria Baumgartner, da Northeastern University, em comunicado.

+ A história por trás da foto que denunciou a crueldade da escravidão nos EUA

Descoberta

A descoberta recente ocorreu, primeiro, depois que pesquisadores vasculharam uma série de escrituras de propriedades históricas, permitindo que descobrissem que Pompeu comprou 2 acres de terra em 1762, localizadas ao longo do Rio Saugus, onde construiu uma pequena casa de pedra para si e sua esposa.

Então, foi possível comparar mapas históricos e artigos de jornais com mapas contemporâneos, auxiliados por mapas topográficos criados a partir de tecnologias a laser, para restringir uma área onde poderia ter sido a casa de Pompeu.

A cerca de 1,2 metros abaixo do solo, os arqueólogos encontraram uma fundação construída de pedras de rio esculpidas a mão, que batem justamente com as antigas descrições da propriedade.

Estou extremamente confiante de que esta é uma fundação dos anos 1700 e tudo o que aponta para esta ser a casa do Rei Pompeu é muito convincente", afirma a arqueóloga Meghan Howey, da Universidade de New Hampshire, também no comunicado.