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Notícias / Brasil

Chico Pinheiro relembra demissão da Record após pastor chutar santa ao vivo

Jornalista Chico Pinheiro conta que foi demitido por peitar determinação da Igreja Universal após episódio polêmico ocorrido em 1995; entenda!

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 21/04/2023, às 11h02

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Chico Pinheiro em entrevista e o pastor que chutou santa ao vivo - Reprodução
Chico Pinheiro em entrevista e o pastor que chutou santa ao vivo - Reprodução

Na madrugada de 12 de outubro de 1995, o pastor Sergio von Helder gerou uma enorme polêmica durante a apresentação do programa Palavra de Vida, exibido pela Rede Record. Na ocasião, ele chutou uma santa que representava Nossa Senhora Aparecida — justamente no dia que homenageia a padroeira do Brasil. 

O episódio foi relembrado pelo apresentador Chico Pinheiro em entrevista ao podcast Inteligência Ltda. Por conta da situação, Chico acabou sendo demitido da emissora semanas após sua contratação. Entenda!

+ Pastor que chutou Nossa Senhora Aparecida na TV em 1995 hoje é crítico de Lula

A polêmica da Santa

Naquele ano, Chico Pinheiro havia assinado contrato com a Record para ser diretor nacional de jornalismo. No entanto, seu contrato só foi firmado perante a uma condição especial: a Igreja Universal não poderia interferir nas decisões editoriais jornalisticas da rede de televisão. 

Quando aconteceu toda a polêmica, o jornalista conta que relutou em mostrar apenas o provisionamento do bispo Edir Macedo — a Universal não queria que um contraponto de um cardeal da Igreja Católica fosse exibido. 

Com isso, segundo o próprio Chico, iniciou-se “uma guerra santa” nos bastidores. Afinal, Globo e Band, concorrentes da emissora, passaram a usar a imagem para “bater duro na Record”. 

Chico Pinheiro, com isso, foi chamado pelo chefe de programação da emissora e ouviu que uma matéria precisaria ser feita para rebater uma reportagem exibida pelo Fantástico. Edir Macedo havia enviado uma mensagem de cerca de 10 minutos para a Globo, mas a fala não foi exibida na íntegra. 

Foi então que o jornalista bateu de frente com o pedido e pontuou que não deixaria a Universal interferir em sua forma de fazer jornalismo. "Respeito o bispo Macedo, mas no jornal não, porque se vocês botarem o bispo Macedo no jornal, vocês vão esculhambar o jornalismo, vira um jornal acessório da igreja".

Após muita conversa, seguida de pressão e cobranças, Chico concordou em exibir o pronunciamento de Edir contanto que o cardeal da Igreja Católica do Rio também tivesse um espaço para se pronunciar. 

Desta forma, ordenou que a diretoria de jornalismo da Rede Record no Rio de Janeiro gravasse a coletiva do líder católico, que comentaria o pedido de perdão de Macedo, para exibi-la. Mas a Universal teria impedido a equipe alegando problemas técnicos. 

"Eu fui pra minha sala, tinha um pessoal editando as matérias, na hora que passei vi o cardeal falando numa ilha [de edição]. Falei: 'o que é isso?' O editor de imagens falou: 'isso é a entrevista que o cardeal deu hoje, a igreja mandou gravar, porque vai ter uma reunião de bispos e pastores e eles vão assistir isso aqui'. Falei: 'tira uma cópia pra mim que eu quero ver'. O cara tirou uma cópia, me deu, fui pra minha sala", recordou o apresentador. 

A exibição da matéria

Com a entrevista em mãos, Chico Pinheiro se dirigiu ao diretor da emissora e o alertou que havia decidido colocar a fala de Edir Macedo no ar, mas que o pronunciamento do cardeal seria mostrado na sequência. Ele disse que, novamente, tentaram o impedir. 

"Montei as duas coisas: primeiro o Edir Macedo, depois o cardeal, que dizia ser inaceitável o pedido de perdão pela agressão contra Nossa Senhora de Aparecida", aponta. 

Para evitar ser censurado ao vivo, Chico Pinheiro, antes do início do programa, avisou a direção que iria expor a censura caso o trecho do cardeal fosse cortado. "Avisei: 'se este VT não rodar, vou dizer no ar 'acabo de ser censurado pela Igreja Universal' e vou botar pra quebrar'.”

Outra coisa, se vocês rodarem o Edir Macedo e me tirarem do ar, eu vou sair desse estúdio vou lá pra porta, porque já avisei colegas jornalistas que estão querendo notícia sobre isso e vou denunciar a molecagem que a Igreja Universal está fazendo com a empresa", salientou. 

A demissão

Após a exibição da reportagem, sem cortes, Chico Pinheiro recorda que foi aplaudido de pé pela redação pela conquista do que classificou como “uma vitória do jornalismo”. Após o fim do telejornal, o apresentador recebeu uma ligação do presidente da Record em sua sala. 

"Aí vem ele com a voz macia: 'irmão estou ligando pra agradecer você por ter feito um grande trabalho pelo jornalismo que estamos querendo construir. Se você não tivesse forçado pra colocar isso no ar iríamos ficar com a imagem de parciais, então acho que foi muito bom'. Eu agradeci, fui pra casa", conta. 

No dia seguinte, Chico relembra que ao chegar na redação, haviam dois seguranças o esperando junto de um profissional do RH: “Ele falou: 'o senhor não pode entrar, a sala está lacrada'. Sai da Record escoltado, o pessoal da redação assustado".

Chico Pinheiro havia sido demitido por peitar uma determinação da Igreja Universal. Porém, segundo recorda o Splash, do UOL, o jornalista acabou processando a emissora e ganhou na Justiça por quebra de contrato.