Caso ocorreu na última quinta-feira, 6, em um estabelecimento da Asa Sul do Distrito Federal
Éric Moreira sob supervisão de Giovanna Gomes Publicado em 13/04/2023, às 09h29
Na última semana, um servidor público de Brasília abriu um boletim de ocorrência por discriminação racial contra uma churrascaria localizada na Asa Sul, onde participara de um evento do qual era convidado na quinta-feira, 6, e, ao fim, teria recebido uma comanda que identificava-o como 'preto', em vez de pelo nome.
De acordo com o UOL, logo após receber a comanda, o homem — Gilberto Martins, de 43 anos — ouviu como explicação que a palavra na comanda poderia se referir, na verdade, à cor de sua camisa, que era cinza. No entanto, nenhum dos outros colegas do servidor público teve inscrições diferentes do nome nas comandas.
Não sabia sequer como reagir. No primeiro momento, o que pensei foi: não vou estragar a noite dos meus amigos com tantos questionamentos, deixa isso para lá. Paguei a conta e fomos embora. Quando estava voltando para casa, fiquei com aquilo martelando na cabeça. Fiquei muito triste, angustiado, comecei a pensar nos meus filhos. Tenho um casal de filhos, negros. Fiquei pensando: será que meus filhos vão ter que passar por isso?", narrou Gilberto Martins em entrevista ao UOL.
Posteriormente, a vítima de racismo buscou a delegacia a fim de orientações sobre como prosseguir após o caso, e lá foi instruído a registrar um boletim de ocorrência contra o estabelecimento, a churrascaria Fogo de Chão, da Asa Sul de Brasília. Então, de acordo com Gilberto, depois que o caso repercutiu, um funcionário do restaurante entrou em contato com ele, a fim de isentar o local de culpa.
"Quando ele me ligou, o absurdo maior foi ele ter me dito o seguinte: que essa situação era muito absurda e que isso era impossível de ter acontecido porque eles não usam caneta de tinta azul no estabelecimento", disse Gilberto.
Ainda depois disso, como conta Gilberto ao UOL, um representante nacional da franquia de churrascarias entrou em contato com ele ao longo da semana e, então, teria afirmado que dois funcionários — o que teria tomado a atitude racista e um outro, que o acobertara — já haviam sido identificados e punidos pelo caso.
Por fim, a churrascaria Fogo de Chão ainda emitiu uma nota em que pedia desculpas ao cliente, onde também afirma que não compactua "com nenhuma forma de discriminação ou sequer a percepção da mesma". "Sendo assim, afirmamos que medidas internas cabíveis ao caso já foram providenciadas, tal como o reforço do nosso programa de treinamento a todos colaboradores da rede", finaliza.
