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Notícias / Carta

Datada de 3,8 mil anos atrás, carta mostra adolescente babilônico irritado com a mãe

Em carta endereçada à mãe, o jovem reclama de suas roupas e 'faz drama' ao comparar sua situação com a dos colegas

por Giovanna Gomes

ggomes@caras.com.br

Publicado em 08/09/2023, às 09h53 - Atualizado às 13h03

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Á esquerda, carta do jovem Iddin-sin à sua mãe; à direita, carta de Hamurabi ao pai de Iddin-sin - Wikimedia Commons/Georges Dossin; Zunkir
Á esquerda, carta do jovem Iddin-sin à sua mãe; à direita, carta de Hamurabi ao pai de Iddin-sin - Wikimedia Commons/Georges Dossin; Zunkir

Uma carta escrita por um estudante babilônico endereçada à sua mãe, datada por volta de 1792 a 1750 a.C. — durante o reinado de Hamurabi — tornou-se viral depois que o criador de conteúdo educativo Michael R. McBride compartilhou o documento em seu perfil no TikTok. A temática foi divulgada pelo site ILFScience nesta quinta-feira, 7.

Escrita por um jovem chamado Iddin-Sin para sua mãe Zinû, a carta revela uma reclamação típica de adolescente que poderia ser entendida até mesmo nos dias de hoje: em sua mensagem, o garoto expressa seu descontentamento com suas roupas e pede por peças novas.

"Relaxa, é apenas uma carta de um estudante de escola para sua mãe na Antiga Mesopotâmia", escreveu o tiktoker ironicamente na legenda do vídeo, de acordo com informações da revista Galileu.

Segundo uma tradução fornecida pela Faculdade de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, na Inglaterra, o texto original da carta começa de maneira respeitosa:

“Diga à senhora Zinû: Iddin-Sin envia a seguinte mensagem: Que os deuses Šamaš, Marduk e Ilabrat mantenham você para sempre com boa saúde por minha causa".

Porém, logo em seguida, o jovem deixa as formalidades de lado e dá início às suas reclamações: “As roupas dos cavalheiros melhoram a cada ano; você reduz minhas roupas de ano para ano”, ele diz. “Você ficou rica reduzindo e reduzindo minha roupa?", questiona. "Enquanto a lã é consumida como pão em nossa casa, você reduziu minhas roupas”.

Em seguida, Iddin-Sin compara a situação dele com a de um colega. “O filho de Adad-iddinam, cujo pai é funcionário do meu pai, está usando duas roupas novas. Você continua se preocupando com minha única peça de roupa”, argumenta.

Adiante, ainda comparando sua situação à do colega, o jovem faz drama: “Enquanto você me deu à luz, a mãe dele o adotou. E embora a mãe dele o ame, você não me ama”.

A carta de Iddin-Sin para Zinû é conhecida por sua designação técnica TCL 18 111 e, de acordo com a biblioteca digital Cuneiform Digital Library Initiative, o texto está presente em uma tábua de cartas escavada em Larsa e agora mantida no Museu do Louvre, em Paris.

Contexto histórico

Conforme relatado pela revista, na época em que o jovem viveu, era comum que os filhos de funcionários públicos e aspirantes a sacerdotes ou escribas frequentassem internatos para estudar escrita cuneiforme e literatura. Embora não esteja claro se Iddin-Sin estava vivendo longe de casa, os pesquisadores supõem que sim.

A autoria da carta — se foi escrita pelo próprio jovem ou ditada a um escriba — também permanece incerta. No entanto, é evidente que o adolescente estava desapontado com a qualidade das vestimentas que sua mãe confeccionara para ele e expressava o desejo de que ela providenciasse roupas novas.