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Notícias / Malária

Estudo: Aumento em casos de malária tem relação direta com garimpo ilegal

Pesquisa desenvolvida pela Fiocruz associa aumento no garimpo ilegal à maior incidência de malária, em especial entre os yanomamis

Éric Moreira, sob supervisão de Ingredi Brunato Publicado em 13/04/2023, às 12h40

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Imagem meramente ilustrativa de um mosquito - Foto por WikiImages pelo Pixabay
Imagem meramente ilustrativa de um mosquito - Foto por WikiImages pelo Pixabay

Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com a Universidade Federal de Roraima (UFRR), o Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia (Rede Bionorte), a Secretaria de Saúde de Roraima (Sesau/RR) e o Ministério da Saúde, aponta que o garimpo ilegal está diretamente relacionado ao aumento dos casos de malária na região amazônica.

Segundo a pesquisa, publicada na revista científica Malaria Journal, as áreas de floresta abertas para a exploração mineral atraem um grande número de trabalhadores que muitas vezes vivem em condições precárias e sem acesso a medidas de controle e prevenção da malária, intensificando a transmissão da doença. Além disso, a extração de minérios cria áreas propícias à reprodução do mosquito Anopheles, que a transmite.

De acordo com os pesquisadores, como informado pela Revista Galileu, a pesquisa coletou dados entre 2019 e 2023 em cinco estados da região amazônica, e os resultados indicam que as áreas com maior intensidade de garimpo apresentam uma incidência muito mais elevada de casos de malária do que as áreas sem atividade mineradora.

Isso acontece porque muitos garimpeiros não têm acesso a diagnóstico e tratamento adequados e, ainda, porque a ausência de medidas de controle e prevenção por parte das autoridades públicas contribui para a disseminação da doença.

Os garimpeiros invadem a floresta e escavam a terra, formando poços que, por sua vez, funcionam como criadouros de proliferação de mosquitos anofelinos, que transmitem a malária. Ou seja, com mais mosquitos e mais pessoas, cujo sangue serve de alimento para os mosquitos, está criada a situação ideal para a transmissão da doença. Isso acontece ao lado das aldeias, e os indígenas passam a viver perto de núcleos de transmissão de malária, que antes não existiam", descreve a malariologista Maria de Fátima, coordenadora do estudo.

Em sequência, ainda complementa: "Os garimpeiros usam medicamentos de origem duvidosa para combater os sintomas da malária que não têm eficácia garantida e eles não fazem o tratamento completo. Dessa forma, o parasita permanece vivo no organismo, infectando mosquitos no momento da picada, aumentado a transmissão e selecionando populações parasitárias com potencial de tolerância aos antimaláricos."

Alerta

A malária é uma doença infecciosa transmitida pelo mosquito Anopheles que pode ter consequências graves para a saúde. Segundo os pesquisadores, o aumento dos casos de malária na região amazônica tem implicações graves para a saúde pública e para o desenvolvimento econômico da região, afetando principalmente as populações mais vulneráveis, como indígenas — sobretudo os yanomamis — e pode ter impactos negativos sobre a produtividade e a renda das comunidades afetadas.

Os pesquisadores alertam para a necessidade de medidas de prevenção e controle da malária, bem como para a importância de políticas públicas que visem controlar o garimpo ilegal na região amazônica.

Diante dos graves impactos que a doença pode causar, é fundamental que as autoridades públicas ajam de forma coordenada para combater a atividade garimpeira ilegal, que tem impactos negativos sobre a saúde e o meio ambiente na região amazônica, afirmam.

Por fim, conclui-se que é preciso que sejam implementadas ações efetivas para combater a transmissão da malária e proteger as comunidades que vivem na região amazônica, especialmente as populações mais vulneráveis.

A ausência de medidas de controle e prevenção por parte das autoridades públicas, aliada ao intenso fluxo de garimpeiros, cria um ambiente propício para a proliferação da doença, o que reforça a necessidade de se combater o garimpo ilegal na região.