Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Notícias / Ciência

Fósseis de 1,6 bilhão de anos 'adiantam' origem da vida como a conhecemos

Fósseis de organismos eucariontes multicelulares descobertos na China podem mudar o que se pensava sobre origem da vida como a conhecemos na Terra

Éric Moreira Publicado em 30/01/2024, às 11h09

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Fósseis de organismos eucariontes multicelulares utilizados em estudo - Divulgação/MIAO Lanyun
Fósseis de organismos eucariontes multicelulares utilizados em estudo - Divulgação/MIAO Lanyun

Em 1989, um grupo de pesquisadores descobriu na Formação Chuanlinggou, na China, uma intrigante amostra de fósseis de Qingshania magnifica, um tipo antigo de alga fotossintética que é uma das espécies multicelulares mais antigas conhecidas.

Datados de 1,6 bilhão de anos atrás — cerca de 70 milhões de anos antes do que se pensava da origem da vida multicelular —, eles foram reanalisados em um novo estudo, publicado no dia 24 de janeiro na revista Science Advances.

Conforme descrito pelo Live Science, os fósseis de Q. magnifica se parecem com tubos filamentados feitos de até 20 células em forma de barril, empilhados uns sobre os outros. Vale mencionar também que algumas das amostras continham esporos, o que sugere que eles se reproduziam assexuadamente.

Esses filamentos mostram um certo grau de complexidade", descreve em comunicado o coautor do estudo, Lanyun Miao, cientista do Instituto de Geologia e Paleontologia de Nanjing da Academia Chinesa de Ciências. 

Vale mencionar que os primeiros organismos vivos da Terra eram procariontes — sem um núcleo celular definido — e unicelulares, tendo surgido há 3,9 bilhões de anos. O Q. magnifica teria surgido pouco depois do aparecimento dos primeiros eucariontes, há 1,65 bilhões de anos, e rapidamente teria adquirido a característica da multicelularidade.

+ O procedimento inédito usado em estudo para entender a origem da vida na Terra

"A multicelularidade é um pré-requisito para qualquer definição da vida complexa moderna, portanto, redefinir a escala de tempo de um evento tão fundamental tem repercussões significativas na forma como pensamos sobre a linhagem que eventualmente daria origem à nossa própria espécie!", explica o professor assistente de pesquisa na Temple University, que estuda genômica evolutiva e não esteve envolvido no estudo, Jack Craig, ao WordsSideKick.com.

Desafios do tempo

Como já mencionado, a pesquisa desenvolvida recentemente baseou-se em fósseis descobertos há décadas na China. Porém, "devido à má qualidade de imagem do material descrito e à sua publicação numa revista relativamente de difícil acesso, este relatório recebeu pouca atenção desde a sua publicação", pontuam os autores do novo artigo.

Então, após revisitarem a área, ainda em 2015, descobriram 278 fósseis microscópicos de Q. magnifica. Esses organismos também tinham paredes celulares adjacentes, o que sugere que obtinham energia a partir de um processo de fotossíntese, assim como as algas modernas. 

+ Fóssil do ‘predador mais antigo do mundo’ é descoberto em floresta na Inglaterra

Por fim, Jack Craig pontua que o novo estudo se faz importante para desvendar a história evolutiva da vida na Terra. "Identificar positivamente qualquer fóssil com mais de um bilhão de anos é inerentemente desafiador. Por exemplo, os fósseis de dinossauros mais antigos têm apenas cerca de 250 milhões de anos, e os deste estudo são quase sete vezes mais antigos", disse.

É por isso que pesquisas como esta são excepcionalmente difíceis, mas altamente gratificantes, e quando conclusões como as deste estudo podem ser alcançadas com grande confiança, representam uma descoberta significativa", finaliza.