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Notícias / Índio do buraco

Justiça determina condições à Funai para funeral do 'Índio do Buraco'

Indígena que viveu por 26 anos isolado foi encontrado morto no dia 23 de agosto, mas teve sepultamento barrado pela Funai

Redação Publicado em 04/11/2022, às 15h53

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Local onde o 'Índio do Buraco' deve ser sepultado - Divulgação / Txai Surui
Local onde o 'Índio do Buraco' deve ser sepultado - Divulgação / Txai Surui

A Justiça Federal em Rondônia deu à Funai (Fundação Nacional do Índio) um prazo de 5 dias contando a partir de quinta-feira, 3, para que o órgão providencie o enterro do chamado 'Índio do Buraco' no mesmo lugar em que ele morreu, em uma palhoça na terra indígena Tanaru.

A decisão, que foi tomada pelo juiz federal Samuel Albuquerque, da Vara de Vilhena (RO), se deu no processo da ação civil pública movida pelo MPF (Ministério Público Federal) com o objetivo de obrigar a Funai a sepultar o homem no local onde viveu isolado por 26 anos.

Conhecido como "Índio Tanaru", o indígena era o último de seu povo, o qual foi dizimado pela ação de madeireiros na região, conforme informou a Folha de São Paulo.

Sepultamento barrado

Na véspera do dia programado para ocorrer o enterro de Tanaru, o presidente da Funai, Marcelo Augusto Xavier da Silva, decidiu barrar o sepultamento, alegando que seria preciso aguardar a conclusão dos laudos dos exames feitos nos restos mortais do indígena. No entanto, àquela altura, todos os exames já haviam sido concluídos.

"Além da comoção dos povos indígenas próximos, com o desrespeito dispensado ao ‘Índio do Buraco’, caracterizado na demora excessiva no seu sepultamento/rituais, tem-se ainda a probabilidade de repercussão da omissão do Estado brasileiro", disse o juiz Albuquerque.

"Verifica-se que desde a morte do ‘Índio do Buraco’ já se passaram vários meses e, mesmo o corpo já tendo sido liberado pela perícia técnica da PF, a Funai não o sepultou", declarou o magistrado.

Interesses de fazendeiros

Segundo a fonte, Xavier foi colocado no cargo pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), a fim de barrar ações de fiscalização e atender a interesses de ruralistas.

A Folha explicou que, ao impedir o enterro do 'Índio do Buraco', ele buscou atender a interesses de fazendeiros locais, uma vez que o sepultamento deve dificultar a exploração da área, que não é demarcada.

Entretanto, como havia um indígena isolado no local, o território conta com uma restrição de uso, a qual foi definida pela própria Funai e deve vigorar até 2025.